Pessoas que sofrem bullying podem ter baixa autoestima e tristeza profunda.
Quanto mais tempo duram as agressões, mais grave ficam os problemas.
Tristeza, ansiedade, falta de vontade de fazer planos. Pesquisa da PUC do Rio Grande do Sul descobriu que esses são alguns dos sintomas que afetam a vida de quem é vítima do bullying. Quanto mais tempo duram as agressões, mais grave ficam os problemas.
Aos 13 anos, Nathalia Miguel Silveira tenta se recuperar do bullying que sofria porque era sempre a maior da turma. “Ela sempre se destacou muito na altura. Eu sempre fui maior que a minha professora”, conta a mãe da jovem, Luciana Maria Miguel.
A adolescente, que trocou o Ceará pelo Rio Grande do Sul há quatro anos, precisou mudar duas vezes de escola em Porto Alegre, até encontrar um colégio onde se sente protegida. Mas as lembranças são fortes. “A menina ficava me incomodando, puxava o meu cabelo, ficava gozando do meu sotaque e me cutucando. Eles começaram a colocar coisas no meu armário, mensagens sobre a minha aparência, que eu era gorda, sobre o meu cabelo. No final, eles diziam que era para me ajudar, para eu ficar mais bonita. Só que não precisa ser assim”, relata Nathalia.
As consequências do bullying podem afetar a pessoa pelo resto da vida, com sintomas graves, como baixa autoestima e tristeza profunda. Este são alguns dos resultados de uma pesquisa que ouviu 28 mil pessoas de todo o país pela internet (CLIQUE AQUI PARA PARTICIPAR DA PESQUISA).
Durante a pesquisa, os entrevistados foram separados em grupos. Quem nunca sofreu bullying, quem sofreu até um ano, de um a três anos, de três a sete anos e mais de sete anos. “Quanto mais tempo de bullying essa pessoa sofreu, mais repercussões negativas ela tem nas suas emoções e na parte de pensamento e atenção”, explica o psiquiatra Diogo Lara.
As vítimas têm dificuldade de fazer planos, concluir tarefas e resolver problemas. Elas ficam mais pessimistas, ansiosas e desconfiadas. “Eu acabei esquecendo como se fazia amizade e não sei iniciar uma conversa, fica difícil iniciar uma conversa”, diz Nathalia.
Com a pesquisa, Diogo Lara descobriu também que homens e mulheres são agredidos de formas diferentes. “Meninas sofrem mais bullying verbal, elas são chamadas de alguma coisa, ou apelidos, ofensas. Já os meninos passam mais por bullying físico, são empurrados, têm uma coisa de disputa física, mais de subordinação física”, afirma o psiquiatra.
Diogo ressalta outro dado surpreendente descoberto com o estudo: “Nesse estudo a gente viu um pequeno sinal também de que os homens são mais sensíveis ao bullying do que as mulheres. Isso parece afetar o homem um pouco mais do que as mulheres”.
A prevenção contra o bullying é uma preocupação do colégio onde Nathalia estuda agora. “Nós precisamos trabalhar em parceria com a família, junto com os professores, porque nós aqui somos os cuidadores desses alunos”, afirma a professora Marícia Ferri, diretora pedagógica do colégio.
“Se eu tenho uma família bem estruturada, que me dá apoio, se tenho algum amigo que eu posso também contar, esse bullying vai ser muito atenuado”, alerta o psiquiatra.
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