Esta sexta-feira assinalou-se o Dia Europeu de Combate ao Tráfico de Seres Humanos. Para marcar a data, a IPSS "Fios e Desafios" colocou jovens em montras de uma loja do Porto, como se de produtos se tratassem.
Início da tarde, no Porto. Mais precisamente, na Rua de Santa Catarina. Várias pessoas passam à frente da montra de uma loja de roupa. Algumas passam sem se se aperceberem do que se passa. Outras passam e param. "Já reparou que são pessoas que estão na montra?", "Ai! Que susto!".
A reação de Cristina Morais não podia ser mais positiva para a Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS) "Fios e Desafios". Objetivo cumprido. O propósito desta associação, que colocou jovens em montras de uma loja, no Porto, como se de produtos se tratassem, era como que chocar quem passava na rua, para alertar para o fenómeno do tráfico de seres humanos. Esta sexta-feira assinalou-se o Dia Europeu de Combate ao Tráfico de Seres Humanos.
"É um tema que temos vindo a abordar no nosso projeto e achamos que fazia sentido o produto de todas as nossas sessões ser não só em cartazes, mas também como uma iniciativa maior, que desse mais visibilidade a este tema e, por isso, alguns jovens vão para as montras", explica ao JPN Sofia Novais, educadora social e membro da "Fios e Desafios".
Um negócio lucrativo
O tráfico de seres humanos ocupa o terceiro lugar no comércio ilegal mais lucrativo. Todos os anos, 2,4 milhões de pessoas são traficadas em todo o mundo, para fins de exploração sexual, laboral, escravatura, extração e venda de órgãos, entre outras atividades ilegais.
"Não se pode confiar em toda a gente"
Os carros passam. Os "manequins" improvisados mudam de posição. O autocarro para na passadeira. Momento ideal para todos os passageiros olharem para um só sítio: a montra. "Sinceramente, quando vi agora fiquei chocada! Mas acho que o objetivo é mesmo esse", completa o raciocínio Cristina Morais, que passava por ali com uma criança pela mão. "Se nem os animais devem ser tratados assim, quanto mais os seres humanos...", diz.
"Isto é horrível! Mas não é só de agora... O tráfico humano sempre existiu e com a crise económica aumenta. A iniciativa é boa, para que as pessoa percebam o que pode acontecer quando emigram. Não se pode confiar em toda a gente", afirma Mário Martins, outro transeunte. Por outro lado, Eugénia de Sá, muito comovida com a iniciativa, apercebeu-sedessa realidade pela televisão.
Nesta iniciativa participaram cerca de 20 jovens, que se voluntariaram para representarem vítimas envolvidas em redes de tráfico de seres humanos. Antes de ocuparem os seus lugares nas montras, os "manequins" foram caracterizados com maquilhagem no rosto, para demonstrar, por exemplo, os maus tratos dos quais, por vezes, estas pessoas são alvos. Alguns dos jovens também usaram correntes, para transmitir a ideia de aprisionamento.
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