Milton Corrêa da Costa
De presos políticos a políticos presos por corrupção e formação de quadrilha num julgamento democrático num estado de direito. As duras penas começaram a cantar no lombo de quem fraudou e desviou dinheiro público em prol de uma cínica e ousada manobra de um projeto político de pepetuação no poder, comprando votos no parlamento. Agora todos são "vítimas". Alguns se consideram até pesrseguidos políticos. Só que o perseguidor agora é o rigor da lei que pune quadrilheiros e corruptos, sob o relato e atitude exemplar de Joaquim Barbosa e outros ministros do STF que condenaram a quadrilha que colocou em risco a paz social.
O operador do vergonhoso e cínico esquema, Marcos Valério, já foi condenado ao regime fechado, com pena de quase doze anos e ainda falta mais. Deveria, como fez Roberto Jefferson, colocar logo a boca no trombone e contar a história completa. Os outros mensaleiros já sabem que vem mais penas pesadas no lombo, onde o recolhimento ao cárcere parece inevitável. Só que são presos comuns, neste caso todos são iguais perante a lei. É como disse o ministro Celdo de Mello, a quadrilha do mensalão, a do colarinho branco, não difere das quadrilhas de traficantes do Rio e de uma perigosíssima facção criminosa de São Paulo. "Profanadores da República", disse o insigne ministro
O veredicto final está prestes a ser dado. Manifestações em contrário, como em diferentes épocas do regime de excecão, agora não tem respaldo popular. O Supremo Tribunal Federal deu o novo tom na moralidade pública. Que os políticos que ainda pretendam roubar o dinheiro público ponham suas barbas de molho e pensem duas vezes. A festa da corrupção e da impunidade acabou. A cadeia e o uniforme de prisioneiro os aguarda. O passado de ninguém, por mais virtuoso que tenha sido, não o exime dos crimes do presente. Cumpra-se a lei e as decisões do Supremo Tribunal Federal.
O apoio infrutífero dos ex-companheiros da luta armada
Fonte: O GLOBO ONLINE (24/10/12)
SÃO PAULO e ÁGUAS DE LINDOIA — Amigos de militância de esquerda de José Dirceu e de José Genoino já se articulam para uma reação política à condenação dos dois petistas pelo Supremo Tribunal Federal (STF). O grupo “Os Amigos de 68”, que reúne ex-presos políticos, realizou um almoço de solidariedade a Dirceu e Genoino no domingo, na casa de Ana Corbisier, companheira do ex-ministro no Movimento de Libertação Popular (Molipo). Os “amigos de 68” não descartam iniciar um movimento político mais amplo, que inclua o tema da reforma política e uma análise do Judiciário, ou organizar uma mobilização de apoio direto aos ex-guerrilheiros.
—Deve haver uma reação. Esse processo foi muito desigual. É complicado quando a Justiça se politiza — avaliou José Luiz Del Roio, ex-militante contra a ditadura e ex-senador na Itália.
Del Roio participou do almoço, que foi marcado por conversas sobre o passado dos dois petistas, principalmente sobre suas prisões. Genoino é o mais abalado, mas parecia tranquilo no encontro com os ex-companheiros. O ex-deputado foi quem comparou os tempos de sua prisão ao momento atual. Para os presentes, persistiu a conversa de que os petistas foram injustiçados e que todo o rigor da condenação está, de alguma forma, relacionado ao passado deles.
— Os dois se comportaram de maneira magnífica na prisão durante a ditadura. Se forem presos, irão para a cadeia com dignidade, não fugirão. Mas qualquer réu tem o direito de defender sua biografia — disse Del Roio.
Para o cineasta Cláudio Kahns, Genoino e Dirceu “estão empenhados em continuar se defendendo”.
— Alguma reação deve ter. Ninguém está satisfeito — disse o cineasta, referindo-se a uma mobilização dos “Amigos de 68” em prol de Genoino e Dirceu.
O PT vai acatar a decisão do STF no julgamento do mensalão, mas, em caso de prisão, os integrantes do partido vão se declarar prisioneiros políticos de um julgamento de exceção, afirmou ontem ao GLOBO o ex-ministro da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência Paulo Vannuchi, que participou do encontro anual da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais, em Águas de Lindoia, interior de São Paulo.
— O Supremo tem que ser respeitado. Se determinar prisão, as pessoas vão para a prisão. Agora, as pessoas não vão admitir que são corruptas, elas vão declarar que são prisioneiras políticas de um julgamento de exceção. Vai ser a razão de viver do Genoino e do Dirceu demonstrar que foram condenados sem provas — afirmou Vannuchi.
O petista disse ainda que, a partir de agora, o partido observará atentamente todas as decisões do STF em casos semelhantes:
— Nós vamos acompanhar com lupa cada voto de ministro, e, se daqui a um ano, eles absolverem um grande empresário acusado de corrupção por falta de provas, nós vamos lembrar, democraticamente, que, no julgamento do mensalão, quando não havia provas, os indícios foram tidos como suficientes para condenar.
Procurado ontem, Genoino disse que não falaria sobre o julgamento. Em entrevista à Rádio Estadão/ ESPN, afirmou que vai lutar para provar a sua inocência:
— Sou inocente. Nunca fiz parte de quadrilha nem o PT é partido de quadrilheiros. Não sou corrupto. Sou inocente e considero uma injustiça (a condenação pelo STF).
O ex-presidente do PT prometeu ainda “dedicar a vida a provar a sua inocência”:
— Esse julgamento não apresentou provas concretas. Foi feito na base do indício, da dedução, do domínio do fato, que são teses que têm um viés autoritário.
Genoino também comparou o julgamento do mensalão com a sua condenação pela Justiça Militar na época da ditadura, quando foi preso depois de atuar na guerrilha do Araguaia:
— Minha disposição é o risco do combate. Prefiro o risco do combate do que a humilhação e do que a servidão.
Nos dois dias mais pesados do julgamento do mensalão para o núcleo político, Dirceu e o ex-tesoureiro Delúbio Soares produziram textos variados para os blogs e twitter. Para fugir do assunto, focaram em temas como a eleição municipal, futebol, o arquivamento das denúncias contra o ministro Fernando Pimentel pela Comissão de Ética da Presidência e até a visita do atleta jamaicano Usain Bolt ao Rio de Janeiro.
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