O consumo desenfreado de bebidas em festas e eventos sociais é habitualmente visto como um problema dos campi universitários, mas muitos adultos mais velhos podem estar abusando do álcool também, segundo estudo publicado na segunda-feira (17) nos EUA.
Com base numa pesquisa do governo junto a quase 11 mil norte-americanos com pelo menos 50 anos, os pesquisadores disseram que 23% dos homens e 9% das mulheres entre 50 e 64 anos admitem ter enchido a cara no mês anterior.
Entre os adultos com 65 anos ou mais, mais de 14% dos homens e 3% das mulheres admitiram ter tido esse comportamento - definido como tomar cinco ou mais doses de álcool em uma única ocasião.
O abuso esporádico do álcool costuma ser visto como um problema juvenil. Um recente estudo do governo dos EUA apontou que, entre universitários de 18 a 24 anos, 25% admitiram uma bebedeira recente.
Mas as novas descobertas, publicadas na revista "American Journal of Psychiatry", mostram que adultos mais velhos também são suscetíveis, segundo a Reuters Health.
"Sentimos que nossas descobertas são importantes para a saúde pública das pessoas de meia idade e idosas, já que apontam para um problema potencialmente inadvertido, que frequentemente escapa à avaliação típica dos problemas de alcoolismo nas práticas psiquiátricas", disse em nota o pesquisador Dan Blazer, do Centro Médico da Universidade Duke, na Carolina do Norte.
Blazer e seu colega Li-Tzy Wu basearam suas conclusões numa pesquisa nacional feita em 2005 e 2006.
Junto com a "bebedeira", a pesquisa avaliou também o chamado consumo alcoólico de risco, ou seja, os hábitos relativos à bebida que podem ter um efeito nocivos sobre a saúde.
No estudo, esse comportamento foi definido como sendo o consumo de pelo menos duas doses por dia.
Entre as pessoas de 50 a 64 anos, 19% dos homens e 13% das mulheres eram bebedores de risco. Para as pessoas mais velhas, eram 13 e 8%, respectivamente.
A alcoolização eventual acarreta inúmeros riscos, como acidentes, comportamento violento, danos neurológicos e hipertensão. Para Blazer e Wu, isso "claramente apresenta" maiores consequências com o avanço da idade, quando se desenvolvem problemas crônicos de saúde que podem ser agravados pela bebida.
Mas os pesquisadores notaram que a maioria das pessoas que se embebeda eventualmente não é dependente do álcool, o que pode fazer com que seu problema passe despercebido.
A mensagem para os médicos, segundo Blazer, é que eles precisam fazer aos seus pacientes mais velhos perguntas específicas sobre o consumo esporádico do álcool em grandes quantidades.
Folha de São Paulo, Equilibrio, 18/08/2009.
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