sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009
Bullying atinge 70% dos alunos, aponta estudo
Pesquisa ouviu mais de 800 estudantes do ensino fundamental e médio de escolas públicas e particulares de quatro cidades.
Curitiba - Quase 70% dos alunos do ensino fundamental de seis escolas curitibanas afirmam já terem sido vítimas ou causadores de agressões dentro de sala de aula nos últimos seis meses. Um estudo, ainda em andamento, do mestre em educação pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), Josafá Moreira da Cunha, entitulado ‘‘Violência Interpessoal em Escolas no Brasil’’ entrevistou 513 estudantes de escolas públicas na Capital paranaense.
Esse levantamento é parte de uma pesquisa que abrangeu 849 estudantes do ensino fundamental e médio de escolas públicas e particulares de quatro cidades brasileiras. Além de Curitiba, Goiânia (GO), Governador Valadares (MG) e Teresina (PI) tiveram dados coletados. Entre os tipos mais comuns de agressão relatados estão soco, chute, revide a agressões físicas e até apelidos depreciativos.
Entre as formas de agressão e vitimização apontada por eles, 67,5% disseram já terem feito ou recebido xingamentos. A segunda forma identificada pela maioria é o uso de apelidos pejorativos – 64,3% admitiram já terem sido envolvidos. O professor Cunha divide os tipos de violência, também chamada bullying, em três: agressão direta, quando a pessoa sabe quem é o provocador verbal ou físico; agressão ralacional, que prejudica a relação da vítima com o grupo, como exclusão ou fofocas; e agressão física indireta, ou seja, roubar ou mexer nas coisas dos colegas.
Entre os alunos que se declaram não-envolvidos com bullying, 1,6% apresentaram sinais de depressão. O número sobre para 6,6% entre as vítimas e chega a 11% entre agressores e vítimas-agressoras. Para Cunha, esse dado significa que a vítima vive em uma situação ‘‘menos pior’’ que o provocador. ‘‘A criança com comportamento violento vive em um contexto em que aprendeu a se relacionar através da agressão. Geralmente, ela apanha dos pais. A prática parental negativa resulta em agressão na escola’’, explica.
Entre os motivos da agressão informados pelos entrevistados, o mais citado é o tamanho do corpo (27,1%). Idade, religião e até orientação sexual também são apontados como motivos. O pesquisador informa no estudo que ‘‘embora mais da metade dos alunos acredite que pode dar uma contribuição valiosa para a melhoria de sua escola (54,4%), os estudantes percebem-se sem voz nas decisões que afetam a escola’’. 78% disseram não ter voz nessas decisões.
Solução envolve família
Cunha ainda dá algumas dicas do que acredita que pode ser feito para prevenir e reduzir a violência escolar, em qualquer idade. Desde comprometimento com o aprendizado escolar, o fortalecimento da relação entre a família e a escola e a comunicação para que a criança se sinta segura quando expressa suas necessidades, medos e ansiedades para um adulto na escola.
Para a presidente Sindicato dos Trabalhadores da Educação do Paraná (APP-Sindicato), Marlei Fernandes de Carvalho, o tema deve envolver toda a comunidade escolar. ‘‘O professor não está completamente preparado para essa realidade, que vem piorando nos últimos 5 anos. A melhor forma de lidar com isso é debater abertamente o tema dentro de sala de aula, fortalecendo valores como a solidariedade’’, conclui. A Secretaria de Estado da Educação foi procurada para comentar o assunto, mas não havia se pronunciado até o fechamento desta edição.
Folha de Londrina.
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