segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Nova ortografia nos editais

Mais uma preocupação soma-se à vida de quem está se preparando para prestar concurso público: a reforma ortográfica. Apesar de ser uma mudança sutil e haver prazo de quatro anos para se adequar à novidade, a partir de janeiro de 2009 o conhecimento acerca da nova ortografia já poderá ser cobrado em seleções para cargos públicos nas questões objetivas (o decreto-lei não diz isso, diz que não pode ser exigido, verificar). Nas provas discursivas, porém, as bancas de correção serão orientadas a aceitar ambas as formas de escrita durante o período de transição, pois as duas serão consideradas oficiais até 31 de dezembro de 2012.

Outro aspecto favorável ao candidato é que ninguém será pego de surpresa. Maria Tereza Sombra, diretora executiva da Associação Nacional de Proteção e Apoio aos Concursos (Anpac), explica que o edital poderá ou não exigir que as perguntas de português tenham como base as novas regras. De qualquer forma, o examinador precisará deixar claro no edital o que pretende, pois o que constar no documento servirá como base para o direcionamento da prova.

Para a professora de língua portuguesa Irene Tavares, do curso preparatório Verbo Jurídico, a acentuação gráfica deverá ser o principal foco das modificações nos concursos. O emprego do hífen dificilmente será abordado – por ser uma regra difícil sobre a qual até os estudiosos da área aconselham a pesquisa em livros de teoria gramatical –, e a inclusão das consoantes w, y e k já fazem parte da vida dos brasileiros há tempo.

Se a banca determinar que duas ortagrafias serão consideradas corretas até o final do prazo de adaptação, o máximo que o examinador poderá pedir é que o candidato saiba quais são as alterações gramaticais e as suas aplicações.

– Não há motivo para o candidato ter medo. Dificilmente esse será um assunto que o prejudicará – tranqüiliza Irene.

A principal dificuldade, segundo o mestre em Lingüística Aplicada Paulo Flávio Ledur, será vencer o hábito no momento de escrever. Como acontece sempre que há mudanças na ortografia, no princípio será necessário se concentrar muito mais ao redigir um texto, mas com o tempo esse precesso tende a ser feito de maneira natural.

Foi com o objetivo de tornar a escrita na nova ortografia algo automático que Viviane Lisboa, de 37 anos, antecipou os estudos sobre as mudanças. Preocupada com a prova do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) e planejando fazer concursos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e para delegada federal, ela já adquiriu livros e apostilas atualizados.

– Já me sinto mais familiarizada com as futuras regras. Tenho estudado desde março, mas ainda me dedico aos estudos de português para não perder o foco – conta Viviane.

Preste atenção
> Fique de olho no edital: se nada constar sobre a nova ortografia, esta não poderá ser cobrada na prova.
> Apenas se estiver especificado no edital, a prova pode conter questões sobre as mudanças – mas somente questões objetivas, e a partir do ano que vem.
> O uso das novas regras em questões discursivas não pode ser exigido. Até 2012, as organizadoras dos concursos terão que aceitar as duas ortografias como válidas nas provas discursivas, pois ambas estarão corretas.
> Nas provas que incluírem a nova ortografia, uma ou duas de cada 20 questões de português, em média, deverão questionar sobre o acento gráfico ou o uso do hífen (principais mudanças).
> Vários minidicionários já apresentam adequações. Verifique antes de comprar.
> Entender a razão das mudanças é melhor do que decorar as regras.
> Especialistas não chegaram a acordo sobre a forma de escrever certas palavras. Mas, em fevereiro, a Academia Brasileira de Letras aprovará o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, padronizando as mudanças.
> Confira as íntegras do acordo e da minuta do decreto pelo site do Ministério da Educação: www.portal.mec.gov.br
Fonte: Fontes: Paulo Flávio Ledur, mestre em Lingüística Aplicada, Irene Tavares, da Verbo Jurídico, e Marcus Vinícius Soares, coordenador acadêmico do Cespe/UnB.

Zero Hora.

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