sexta-feira, 16 de maio de 2008

Promotor denuncia 13 por esquema de automutilação para obter seguro

O Ministério Público de Santa Catarina denunciou 13 pessoas acusadas de participação em um esquema de automutilação para recebimento de seguro de vida. Um vereador e um comerciante são apontados como mentores do suposto golpe.

A denúncia narra sete casos de pessoas que teriam amputado os dedos intencionalmente para receber indenizações de seguradoras.

Segundo o promotor Eduardo Sens dos Santos, o vereador de Sul Brasil (SC) Antoninho Luiz de Souza (PP), 36, e o comerciante e agricultor Moisés Balbinot, 37, de Saltinho (SC), aliciavam pessoas simples para que fizessem seguros de acidentes pessoais e depois se automutilassem para o recebimento de indenização. Presos em Chapecó, eles receberiam entre 20 e 30% dos valores pagos pelas seguradoras.

Entre os denunciados estão pessoas que receberam o seguro após se mutilarem, como Ademir Nemirscki, 33. Segundo a denúncia, orientado por Souza e Balbinot, ele contratou seguro pessoal no início de 2005. Em 3 de junho daquele ano, com o seguro já em vigência, amputou os dedos indicador, médio, anular e mínimo da mão esquerda em uma motosserra. Em 17 de abril de 2006, recebeu R$ 60 mil de seguro.

Sua irmã, Cleonice Nemirscki Silveira, 28, e seu cunhado, Vanderlei da Silveira, 31, não tiveram a mesma sorte. Silveira amputou os dedos indicador, médio, anular e mínimo da mão esquerda em 2 de fevereiro de 2004. Cleonice, em 19 de agosto de 2006, amputou o polegar da mão direita. O casal não recebeu os valores, pois as seguradoras conseguiram comprovar as fraudes.

Balbinot, segundo o Ministério Público, incendiou três casas de sua propriedade e amputou os dedos do pé esquerdo para receber seguros. Ele é suspeito ainda de participação na morte, em 1996, de um trabalhador que o tinha como beneficiário de um seguro de vida.

Outro lado

O advogado de Souza e Balbinot, Celito Gastaldo, disse que entrará ainda nesta semana com pedido de revogação das prisões de seus clientes. Segundo ele, não há provas concretas contra os dois. "O que existe contra meus clientes é só conversa de bar, nenhuma acusação concreta."

Marilúcia Balbinot, 35, mulher de Moisés, disse que seu marido teve uma amputação no pé por acidente, há 16 anos. Segundo ela, o fato de o marido ter recebido o seguro "foi porque pagou e quem paga deve receber". Os outros acusados não foram localizados.


Folha de São Paulo.

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