*Recomendo a leitura deste bem escrito artigo.
LÉO ROSA DE ANDRADEDoutor em Direito pela UFSC. Psicólogo e Jornalista. Professor da Unisul.
Site: www.leorosa.com.br
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Macacos jovens reúnem-se em bandos, saem às algazarras e agridem outros que encontram em situação desvantajosa pelo caminho. Esses macacos despertam atenção sobre si. Obter atenção, no caso, é vantagem evolutiva: propicia mais acasalamentos. Humanos jovens fazem o mesmo, inclusive lançando mão de recursos tecnológicos. Além de gritos, brigas e agressões em grupo, música em alto volume e veículos barulhentos. Rapazes com esses hábitos ainda são mais sorteados pelas garotas do que aqueles que primam pela elegância para fazer aproximação. Sim, há exceções. Falo do comportamento de massa.
Macacos jovens atacam e surram outros macacos jovens que estejam mais fragilizados. Fazem isso gratuitamente, sem nada aparentemente em disputa. As vantagens evolutivas de manter acuados espécimes de menor vigor físico explicam o comportamento. Macacos evoluídos, os humanos fazem a mesma coisa. Não seria exatamente esse o comportamento que adolescentes reproduzem nos territórios em que se aglomeram? Creio que a esse ancestral procedimento deu-se, agora, o nome de bullying.
Essas atitudes não são as típicas de indivíduos dominantes em competição, nelas não há valentia. Ocorre sempre prevalecimento de valentões sobre vítima em clara desvantagem. É um assédio covarde; se confrontados, os atacantes não se dispõem ao enfrentamento. Não há combate por alguma coisa, há agressão por nada, desencadeada pelo simples fato de o outro estar frágil. Seja como seja, há alguém sendo física e moralmente insultado, não somos macacos e alguma providência deve ser tomada.
Somos civilizados, mas não apagamos nossos conteúdos primitivos. Na adolescência, a referência é o bando. O indivíduo quer se fazer valer perante a turma, de preferência na turma. A intervenção do adulto é segura, institucional, mas humilha o humilhado, comprova-lhe a própria incapacidade, e dá, ao ver do acudido, razão aos agressores. A proteção “externa” impossibilita a imaginada afirmação da identidade do perseguido por ele mesmo. Claro, os devidos esclarecimentos podem ajudar, mas não suprem a condição genética que determina afirmação individual diante do grupo.
Pode-se retrucar com a afirmação de que membros de famílias mais estruturadas provocam menos situações desse tipo. De fato, famílias mais estruturadas civilizam melhor, fornecem mais aportes culturais à formação do indivíduo, enquanto famílias à margem dessas possibilidades deixam brotar com mais facilidade as condições humanas primitivas. O que importa dizer, de toda forma, é que escola acumula adolescentes, como a internet também o faz. Em ambientes em que se aglomerem jovens, mesmo em países com condições civilizacionais avançadas, esses problemas brotarão, porque compõem a condição humana.
Ainda que coisa juvenil, a violência que permeia episódios de bullying é brutal. A família, a escola e o Estado são meios legítimos e relevantes para interferir, proteger, punir. Mas não recuperam a auto-estima da vítima. Tenho comigo, há muito tempo, outro eficiente jeito de arrostar situações dessa natureza. O indivíduo é melhor consigo e com os outros se for um forte; melhor se forte e cauteloso com a própria força. Ninguém merece a condição de vítima: despoja a dignidade, é torturante, com nefastos danos psicológicos. Há o direito de defender-se. As artes marciais são conforto e equilíbrio. Seja gentil consigo, os que as praticam sentem-se muito bem.
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