segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Perfil virtual pode eliminar candidato a vaga de emprego, alertam consultores

Informações podem ser checadas em entrevistas de seleção.
Recrutadores recomendam perfis voltados para competências.

Cuidado com o que você coloca na internet. As empresas de recrutamento estão de olho em informações pessoais colocadas em sites sociais de relacionamento como Orkut, Twitter, Facebook e MySpace.

Consultores ouvidos pelo G1 dizem que as informações, apesar de não eliminarem necessariamente o candidato, podem ser objeto de questionamento nas entrevistas pelos recrutadores.

Mais técnico e menos pessoal

Fernando Montero da Costa, diretor de Operações da Human Brasil, empresa de recrutamento e seleção, diz que o ideal é o candidato manter nos sites de relacionamento um perfil mais técnico e profissional, enfocando competências, e menos pessoal, que contém menção a preferências.

“É um comportamento que deve ser incorporado num mercado competitivo”, diz.

Ele considera que os blogs devem ser utilizados apenas como ferramentas para os candidatos transmitirem conhecimentos, não para uso pessoal.

Segundo Costa, os consultores olham os sites de relacionamento, mas ele ressalta que o que irá determinar a contratação são as entrevistas e as avaliações psicológicas.

“Quanto mais o selecionador se cercar de informações, maior a segurança da empresa para contratação”, justifica.

“A empresa chama o candidato para a entrevista e ali será avaliado até que ponto aquelas preferências (nos sites de relacionamento) podem comprometer seu desempenho na empresa”, explica.

Costa alerta que as empresas têm voltado a atenção cada vez mais para a ética dos candidatos. “Claro que candidatos que demonstram preferência por assuntos como violência, terrorismo, pedofilia e tráfico, por exemplo, são descartados”, diz.

Exposta ao mundo virtual

“Ao publicar seu perfil em sites como Orkut, a pessoa tem que pensar que está exposta a todo o mundo virtual e não só aos seus amigos. É a mesma coisa que ter no currículo um e-mail do tipo ‘jujubalada@x.com.br’. Essas coisas pegam mal para o candidato, e o profissional de RH já cria uma imagem preconcebida a respeito dele antes mesmo da entrevista”, afirma Roberta Raffaelli, consultora executiva de RH da Manager.

Segundo ela, informações pessoais muito exageradas, que abordam preferências, como por exemplo “Odeio acordar cedo”, ou “Adoro balada”, e fotos, principalmente, são sempre comprometedoras.

“Na medida do possível, é importante demonstrar equilíbrio nas preferências e, mais que isso, flexibilidade no dia-a-dia. O perfil pessoal fica aberto ao mundo profissional.”

De acordo com Roberta, a primeira coisa que um profissional de recrutamento e seleção faz é escrever o nome do candidato no Google e procurá-lo no LinkedIn (www.linkedin.com), site de relacionamento profissional.

“Após a entrevista, ao avançar no processo e em fases finais da seleção, eventualmente acessamos o Orkut também”, diz.

“Hoje, temos muita informação a respeito do candidato antes mesmo de
conhecê-lo pessoalmente.”

Ferramenta de informação

Davi Búfalo, coordenador executivo de RH da S&L, garante que o candidato não será escolhido somente pelo perfil pessoal em sites sociais ou pelo conteúdo em blogs, por exemplo, pois ambos são tratados apenas como “ferramentas de informações”.

“O contato do entrevistador com o candidato e o foco na exploração das competências são fatores cruciais em uma escolha”.

Mas, segundo ele, o ideal seria o candidato construir um perfil direcionado especificamente para o segmento em que atua e o mercado de trabalho, mostrando os cursos que fez, troca de informações com comunidades pertinentes à área profissional, suas especializações, gostos pessoais positivos relacionados ao trabalho.

“Caso o candidato esteja em comunidades com conteúdo depreciativo como 'adoro beber todo dia', 'odeio trabalho', 'odeio meu chefe', por exemplo, ou que não estejam estritamente relacionadas à sua vida profissional, o melhor seria ele nem citar o perfil pessoal durante o processo nem no currículo”, diz.

Búfalo cita o caso de um candidato que mencionou o seu perfil no Orkut no currículo. Durante o processo seletivo, o consultor verificou que o candidato estava associado a uma comunidade que depreciava sua área de atuação e até a última empresa em que estava trabalhando. O candidato acabou reprovado após ser submetido a uma entrevista.

Ele diz que a pesquisa em sites como Orkut não é comum – somente “em casos excepcionais para busca de informações complementares”. Mas, para Búfalo, o retorno não é garantido, já que muitas pessoas não utilizam o nome completo ou verdadeiro nesses sites.

Mas ele ressalta que as informações da internet são verificadas após a realização da entrevista como forma de investigação e até mesmo para esclarecer eventuais dúvidas.

G1.

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