quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Brasileiros vivem embaixo de pontes, passando fome?! Desabafo!

È revoltante esta falta de consideração das fábricas, dos empresários, do cidadão e do governo japonês, quando eles precisaram da gente, se aproveitaram o máximo, chegavamos a fazer de 5 a 6 horas extras em um dia, e se caso negassemos, nos chamavam de preguiçosos, e ameaçavam a nos demitir, em tom nada agradável.
Se concordassemos com a jornada longa de trabalho, aí tínhamos tudo com eles, nos agradavam no máximo, chamavam-nos para jantar, as vezes não havia nenhum motivo ou qualquer comemoração, mas como precisavam da gente, reuniam os chefes e funcionários da seção, somente para agradar, levando-nos a restaurantes e Karaokês, e tudo pago pelos chefes da fábrica.
Enquanto fazíamos produções altas, os trabalhadores japoneses, não fazíam um terço do que a gente conseguia, e mesmo assim nunca valorizavam com sinceridade o nosso trabalho, era sempre com muito desprezo e falsidade.
No começo, devido ao alto preço cobrado pela passagem de avião, as empreiteiras chegavam a cobrar mais de 600.000 ienes e isso era somente de vinda, como antes chegavamos com visto de turista de três meses, tínhamos o direito de retornar para o Brasil, usando a mesma passagem, se caso não fosse usado a passagem de volta, o mesmo poderia ser reembolsado ,conforme a lei , mas a maioria não sabia disso, e muitas pessoas eram obrigadas, se caso não acostumassem com o cotidiano do país, a comprarem outra passagem, sem saberem que não precisavam.
Em 1989, houve um relato que uma empreiteira trouxe cerca de 30 brasileiros numa viagem, e chegando no Japão, eles não tinham trabalhos, e ficaram sem saber o que que fazer com os dekasseguis, como todos eram a primeira vez, ficaram expostos ao mau caratismo dos funcionários da empreiteira. Sem se importar com a situação , a empreiteira, simplesmente arrumou um hotel de quinta, e instalou os brasileiros, e disseram que a conta seriam deles, e como todos não trouxeram dinheiro, mais tarde seríam descontados de seus devidos salários. Imaginem o preço?
Destes 30 brasileiros, 20 deles demoraram mais de uma ano para pagar a passagem do avião, e com a família deles no Brasil, passando necessidades.
Há muitos outros casos e relatos de maltratos dos japoneses com brasileiros, se tiver que contar tudo o que se passou, com certeza vai encher o blog destes assuntos revoltantes.
E agora, depois de se aproveitarem dos esforços desta gente , eles, simplesmente, optam pela demissão e sem direito a nada e dizem que não tem mais trabalhos. Depois de tudo que fizemos por este país, mesmo que os nossos interesses era de fazer um pé de meia, para o futuro. Mas, ainda assim, colaboramos e muito com a economia japonesa, sem a nossa mão de obra, o país não conseguiria chegar até hoje, sem nós , já estaríam falidos.
O que se vê nos noticiários e boatos, é que muitos brasileiros estão morando, literalmente, embaixo de pontes, nas ruas, nas praças, em igrejas, passando fome e frio, vivendo tão somente de donativos e ajudas de algumas almas bondosas.
Não quero dramatizar a situação, mas enquanto todos se preocupam, é lógico, (com razão) com a tragédia de Santa Catarina, os dekasseguis aqui na terra do sol nascente, vão estar em maus lençóis, é preciso que o governo brasileiro comece a enxergar a nossa situação, pois mais tarde, vai piorar.
E ainda somos obrigados a ouvir baboseiras dos políticos gagas japoneses, que a princípio, o ministro Taro Aso, iria liberar 12 mil ienes para os brasileiros que vivem aqui, somente em agradecimento e também em homenagem ao centenário da imigração brasileira no Japão, mas um político disse que seria inviável liberar tal quantia para que os brasileiros gastassem esta quantia em ¨fanfarronices¨, e dai foi vetado a liberação do dinheiro.
Em pensar que se houve tantas propagandas sobre a comemoração do Centenário, tanto no Brasil como no Japão, é ironia demais. Tantas palavras de promessas, de carinhos, com a comunidade brasileira, aqui no Japâo. E que agora se tornou, Traição! Estão nos deixando de lado, nos deixando as mínguas, passando necessidades em todos os sentidos, e olha. a gente não merece isso, de jeito nenhum!

Desabafo de João Takeo Itakura.

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