quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Porta aberta para motivar a vida

Antes mesmo que a lei 11.343 entrasse em vigor, o Setor Técnico de Apoio e Acompanhamento de Medidas Alternativas (Seama) do Juizado Especial Criminal (Jecrim), de Curitiba, foi estruturado para atender o que seria previsto no artigo 28: advertência, prestação de serviço à comunidade e cursos educativos.

"Preferimos chamar o curso de 'oficina' para que o participante construísse a idéia educativa e não recebesse as informações de cima para baixo", explica a psicóloga Karen Andrzejawski, que participa do projeto dede o início.

Segundo ela, a metodologia da "educação afetiva" tenta sensibilizar o indiciado a fim de que ele pense em sua vida e tome atitudes. "Ele tem que mudar, claro, mas antes precisa perceber que a mudança é necessária", revela a psicóloga. "Trabalhamos nesse viés da percepção, que permita a ele olhar para si mesmo e ver o quanto está perdendo pessoal e socialmente."

Em 2007, 620 pessoas foram atendidas na Opud da capital. Ainda naquele ano, o índice de reincidência no uso ou porte de drogas ficou em 8%. Nos primeiros seis meses de 2008, de acordo com Karen, foram 298 participantes, cujo índice de reincidência ficou em 14,10%, muito acima do 1% obtido no primeiro ano em que a oficina funcionou. Ainda assim, Karen comemora.

"Em se tratando de uso de droga, considero este um índice muito baixo", argumenta. "Estamos sempre procurando uma solução mágica para a drogadição, mas ela não existe. A doença é de extrema complexidade, na qual as recaídas fazem parte do processo, mas temos de insistir na luta. Se a gente acredita que é possível mudar um sujeito ou dois, a gente vai adiante."

O mais importante, segundo Karen, é manter a porta da motivação para a vida, onde não haja crítica ou menosprezo, sempre aberta.

O Diário do Norte do Paraná.

Nenhum comentário:

Pesquisar este blog