quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Policiais de todo o Brasil relatam suas experiências

Começa nesta quarta-feira (17) o primeiro workshop da Rede Brasileira de Policiais e Sociedade Civil (RPS Brasil): práticas e saberes policiais. Policiais de todo o país estarão reunidos na sede da ONG Viva Rio, no Rio de Janeiro, até o dia 19, para compartilhar experiências do cotidiano.

“O objetivo desse encontro é transformar o empirismo em conhecimento sistematizado sobre segurança pública”, explica Haydée Caruso, coordenadora da Rede Latino-Americana de Policiais e Sociedade Civil. Os estudos de casos apresentados pelos profissionais de segurança pública durante o workshop estão disponíveis no blog da Rede.

Para Haydée, o maior destaque do evento é a convergência de diferentes pontos de vista acerca do tema segurança pública já que cada região do país (Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sul e Sudeste) possui pelo menos dois participantes no workshop. “Um dos nossos maiores diferenciais é transpor o eixo Sul-Sudeste, que está sempre em destaque. Para isso, buscamos experiências de diferentes profissionais provenientes de todas as regiões do país. Queremos ver o que cada um, dentro das suas especificidades, tem para nos ensinar”, enfatiza Haydée.

As palestras e os debates estão divididos em quatro temas centrais: "Práticas policiais comunitárias de prevenção e repressão qualificada"; "Gestão do conhecimento – investigação e inteligência policial"; "Gestão do conhecimento – formação e administração dos serviços policiais"; e "Gestão interinstitucional – integração inter-agências".

O Rio de Janeiro está representado pelo inspetor da Polícia Civil, Angelo Vellasco, e pelo capitão Vitor Valle, da Polícia Militar. Eles trazem para o encontro suas experiências com técnicas de investigação do crime de estelionato, incluindo casos de quadrilha de clonagem de cartão de crédito, e uso de cães como ferramenta para resolução de ocorrências de alto risco.

Já o tenente da Polícia Militar de São Paulo e professor universitário Ronilson de Souza compartilha sua experiência na coordenação do “pensadorespm”, grupo de policiais que buscam uma formação mais humanizada. A partir da questão “como nos tornar cada vez mais humanos?”, ele analisa a formação atual do policial militar, apontando para a necessidade de uma nova cultura nos processos de seleção, formação e treinamento da PM.

O comandante de Companhia da Polícia Militar do Espírito Santo, Geanderson Siqueira, traz os resultados da aplicação de um conceito administrativo no seu grupo, com o objetivo de transformar a postura do policial militar, melhorar a qualidade do serviço prestado pelo policial à comunidade, diminuir os índices criminais e promover uma aproximação entre a polícia e a sociedade civil.

Da região Norte, o tenente-coronel Carlos Alfredo da Mota, da PM do Pará conta sua experiência na formação de um grupo de teatro composto por policiais e civis como forma de conscientização e transformação da sociedade. Ele apresenta os resultados positivos do trabalho na prevenção de crimes, delitos e outros tipos de transgressões na Ilha do Mosqueiro, em Belém.

Do Acre, o especialista em segurança pública e capitão da PM, Eudinez Pinheiro Ferreira, apresenta a experiência adquirida na implementação da Polícia da Família na cidade de Rio Branco, com o objetivo de prevenir e pacificar conflitos.

A delegada da Polícia Civil de Pernambuco e coordenadora da Unidade Policial da Mulher (Unipomul), Verônica Azevedo, defende a adoção de medidas de prevenção, informação e conscientização da população e da polícia visando à redução dos índices de violência doméstica e à melhoria da atenção às vítimas de agressão.

Especialista em Políticas Públicas de Justiça Criminal e Segurança Pública e coordenador estadual do Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd), o tenente-coronel da PM da Paraíba, Washington França da Silva, traz sua experiência na implementação de modelo de gestão compartilhada dos problemas de insegurança e desordem pública.

Com base nos conhecimentos resultantes da implementação do Programa Organizações Aprendentes (Proa), em parceria com a Fundação Escola de Administração da Universidade Federal da Bahia (UFBA), a capitã Cleise Delfino, da PM da Bahia, propõe a capacitação de consultores internos e líderes educadores. De acordo com a oficial, é essencial que as instituições policiais aceitem a educação continuada como um processo inerente às mudanças externas e internas que se mostram necessárias.

A agente Deise Luci de Andrade, da Polícia Civil do Distrito Federal, apresenta o Programa de Segurança Comunitária do Distrito Federal, assim como o processo de criação e estruturação do Núcleo de Polícia Comunitária, implementado numa delegacia da cidade de Ceilândia com o objetivo de sensibilizar e mobilizar a comunidade para as questões relacionadas à segurança pública.

Já a delegada Jaíza dos Santos, da Polícia Civil do Mato Grosso do Sul, fala sobre o Projeto Dama: as mulheres primeiro, implementado por ela na Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher de Campo Grande. A partir de um grupo itinerante que defende que a violência doméstica não é apenas um caso de polícia, o projeto realiza um trabalho de orientação, repreensão e prevenção da violência contra a mulher em diversos bairros da cidade.

O estado do Rio Grande do Sul tem dois representantes: o perito criminalístico do Instituto Geral de Perícias do Rio Grande do Sul (IGP-RS), Cleber Muller, que apresenta uma análise do modelo de polícia comunitária do ponto de vista da criminalística, com o objetivo de aprimorar o conceito de “segurança interativa”; e o major da Brigada Militar do Rio Grande do Sul, Sergio Flores, que propõe o desenvolvimento de uma política de integração entre sistemas regionais de segurança pública em áreas de fronteira.

Mestre em Ciência Jurídica pela Universidade do Vale do Itajaí e mestre em Direito Ambiental e de Sustentabilidade pela Universidade de Alicante/Espanha, o tenente Jeferson da Silva, da PM de Santa Catarina, fala sobre as vantagens sociais da aplicação do termo circunstanciado pela Polícia Militar em casos de delitos de menor potencial ofensivo, ou seja, crimes cuja pena é inferior a dois anos.

A Rede Brasil

Criada a partir da Rede Latino-Americana de Policiais e Sociedade Civil, que reúne 10 países membros (Argentina, Brasil, Colômbia, Chile, México, El Salvador, Guatemala, Nicarágua, Peru e Venezuela), a Rede de Policiais e Sociedade Civil – Brasil tem como objetivo promover o intercâmbio de reflexões e práticas sobre segurança pública e subsidiar a formulação e a execução de políticas públicas de segurança no âmbito nacional.

Além de atuar na produção de conhecimentos científicos e na disseminação de experiências de instituições policiais, a Rede busca estimular a integração entre policiais, centros universitários de ensino e pesquisa e instituições da sociedade civil.

Comunidade Segura.

Nenhum comentário:

Pesquisar este blog