terça-feira, 9 de setembro de 2008

Foram dez dias de porrada, afirma jovem sobre a prisão

Asfixiamento com saco plástico, choque elétrico, espancamento com a mão, cadeiradas. Três jovens acusados de homicídio e violência sexual dizem ter passado por essa rotina de maus-tratos, no primeiro relato mais detalhado da tortura.

O trio ficou preso por dois anos, sob acusação de agressão sexual e homicídio. Depois de dois anos na prisão, eles foram soltos porque a polícia afirma que Leandro Basílio Rodrigues, 19, chamado de "maníaco de Guarulhos", confessou com detalhes o assassinato de Vanessa.

"Renato foi o que mais apanhou. Foram dez dias de porrada", conta o pizzaiolo Wagner Conceição da Silva, 25, referindo-se ao também pizzaiolo Renato Correia de Brito, 24. "O que você imaginar de ruim na Terra, eles fizeram", diz o office-boy William César de Brito Silva.

Eles dizem ter sofrido tortura numa base da Polícia Militar e no 1º Distrito Policial de Guarulhos.

A Secretaria de Segurança diz que as acusações de tortura são investigadas pela Corregedoria Geral da Polícia Civil para agilizar a apuração. Antes, o caso estava em Guarulhos. Se for comprovada a tortura, os policiais --cujos nomes não são divulgados-- devem ser expulsos.

De acordo com documentos da Secretaria da Segurança Pública, os três foram presos por PMs na manhã do dia 19 de agosto de 2006, um sábado. Mas eles só foram apresentados para a realização do corpo de delito --exame que visa constatar marcas de violência em acusados-- no dia 21, uma segunda-feira.

No boletim de ocorrência (n.º 9.456/2006) sobre a prisão em flagrante dos três, o delegado Paulo Roberto Martins, à época plantonista do 1º Distrito Policial de Guarulhos, manda que o exame seja realizado. Hoje Martins é investigado pela suposta tortura aos três presos.

Folha de São Paulo.

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