quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Especialistas: escolas precisam se preparar para o bullying


Psicanalista diz que é preciso trabalhar não só com a vítima, como também com o grupo, para o desenvolvimento de uma consciência social

Policiais chegam ao São Bento para perícia sobre queda de aluno Foto: Marcelo Piu / O Globo
Policiais chegam ao São Bento para perícia sobre queda de aluno
MARCELO PIU / O GLOBO
RIO - Embora ainda não haja confirmação de que o aluno do São Bento fosse maltratado pelos colegas — a informação foi veiculada na terça-feira nas redes sociais —, o caso trouxe de volta a discussão sobre o bullying. Especialista no assunto, a psicanalista Maria Pompea Carneiro afirma que as escolas não estão preparadas:
— Nossas instituições de ensino não têm psicólogos, que seriam a possibilidade de evitar tragédias como a que acaba de ocorrer.
De acordo com ela, o bullying é a violência sistemática de um grupo sobre um indivíduo, que, na maioria das vezes, se manifesta no espaço escolar. A psicanalista diz que é preciso trabalhar não só com a vítima, como também com o grupo, para o desenvolvimento de uma consciência social.
Doutora em violência contra a criança e professora da Uerj, Maria Luísa Bustamante diz que, se o bullying for confirmado, será mais um caso denunciado no Colégio de São Bento:.
— Já houve denúncias de problemas envolvendo os alunos dessa escola. O São Bento é a única instituição do estado que mantém a regra de só ter alunos do sexo masculino. A recomendação de escolas mistas vem do século passado. As meninas são mais sensíveis e conversam mais, o que reduz a crueldade e o sadismo existente entre alunos, principalmente do sexo masculino.
O bullying ganhou destaque em abril de 2011 no Rio, quando Wellington de Oliveira, de 23 anos, invadiu armado a Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, e matou 12 alunos. Ele alegou que, quando estudara ali, fora vítima de bullying. Em novembro, o estado sancionou uma lei prevendo a implantação, nas escolas, do Programa de Prevenção e Conscientização do Assédio Moral e Violência. Quase um ano depois, a maioria dos colégios não tem esse programa. Em nota, a Secretaria municipal de Educação informou que todos os professores e diretores vêm sendo capacitados para enfrentar o problema.
Fora do Brasil, o bullying também é um problema preocupante que vem sendo discutido em âmbito internacional. Nos Estados Unidos, por exemplo, a luta contra a agressão social é levada a sério e conta com o apoio de diversas personalidades. O próprio presidente americano, Barack Obama, já chamou a atenção para o assunto ao divulgar um vídeo na internet encorajando jovens a denunciarem casos de assédio. O depoimento fez parte da campanha “It gets better” (“Depois melhora”), que contou ainda com a participação de grandes nomes da música pop como Ke$ha e Justin Bieber. A diva pop Lady Gaga, que também apoia a causa antibullying, lançou este ano uma fundação para orientar crianças e adolescentes que sofrem perseguição. Já a musa teen Demi Lovato, em show em São Paulo no fim de semana passado, pediu para que jovens vítimas de bullying procurem ajuda. “Sei que existem pessoas aqui que passam por situações como essas”, disse ela.



O Globo.

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