quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Aluno que caiu do 5º andar do Colégio São Bento seria vítima de bullying


Cercada de mistério, a queda de um menino de 12 anos do quinto andar do Colégio de São Bento, no Centro do Rio, na tarde de sexta-feira, chocou uma das mais respeitadas instituições de ensino da cidade. O delegado adjunto da 1ª DP (Praça Mauá), Aldrin Genuíno da Rocha, afirmou que vai ouvir o serviço de psicologia da escola para traçar o perfil do estudante.
O acidente, noticiado pela coluna de Ancelmo Gois no GLOBO, ganhou repercussão nas redes sociais. No Twitter, alguns comentavam que o aluno, que cursa o 7º ano do ensino fundamental, estaria sofrendo bullying — seria vítima de repetidas agressões psicológicas na escola.
Na noite de segunda-feira, o estudante continuava internado no CTI do Hospital Souza Aguiar, inconsciente e em estado muito grave. Ele sofreu traumatismo craniano e foi submetido a uma cirurgia no baço. Parentes contaram, enquanto aguardavam notícias na porta do hospital, que a saúde do estudante havia piorado.
O caso foi registrado no sábado à tarde na 5ª DP (Centro), por funcionários do colégio, como lesão corporal culposa. As investigações, no entanto, estão sob a responsabilidade da 1ª DP. Uma perícia na escola deve ser feita nesta terça-feira.
Os pais do estudante, outros parentes e amigos que, no Souza Aguiar, acompanhavam o estado de saúde do adolescente não queriam falar sobre o caso ontem com a imprensa. Um dos tios disse apenas:
— Nós estamos agora só pensando na saúde dele.
De manhã, foi celebrada uma missa na capela do hospital pela saúde do aluno. Além disso, um advogado da escola esteve no Souza Aguiar. A família do estudante, de acordo informações prestadas por amigos, tem fortes ligações com a instituição de ensino — a mãe do aluno seria professora da escola.
Em nota publicada no site do São Bento, a reitoria afirma que o estudante sofreu uma queda de “alta gravidade”, ocorrida no horário de saída da escola. Ainda de acordo com o colégio, todas as informações já foram dadas oficialmente às autoridades. Para a escola, o momento é de reserva e de silêncio, um pedido dos parentes da vítima.
Na tarde de segunda-feira, no horário de saída dos alunos, o assunto dominava as rodas de conversa na Rua São Bento. Mas todos evitavam comentar o episódio com a imprensa. De acordo com relatos de motoristas que fazem o transporte de estudantes, o adolescente acidentado teria despencado de uma das janelas do corredor, após assistir à última aula da sexta-feira.
Psicanalista alerta para riscos de bullying – O psicanalista Luiz Alberto Py afirma que o bullying, somado a condições emocionais do adolescente, pode desembocar numa tragédia. Py ressalta que o colégio, apesar de corresponsável pelos cuidados ao aluno, dificilmente teria como prevenir a queda.
— Essa é uma faixa etária complicada, em que a criança está sofrendo transformações hormonais. Essa agressão ao diferente, que é instintiva, somada à questão emocional do adolescente, pode ter desdobramentos de violência extrema. Há quem atravesse o bullying sem percalços, outros encontram mais dificuldades. O colégio tem responsabilidade legal pelo cuidado aos alunos. Mas nesse caso é complicado culpar a instituição, conhecida pelo rigor na disciplina. Como prevenir e se antecipar a uma tragédia? — comentou o psicanalista.
Um outro episódio chamou a atenção para o Colégio de São Bento, no ano passado: os pais de um aluno de 6 anos registraram na delegacia uma agressão que teria sido sofrida pela criança dentro da escola. Segundo o relato feito à Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), o menino teria sido agredido por um adolescente de 14 anos, estudante do ensino médio, em junho de 2011.
Tudo teria começado quando a criança e alguns amigos pediram para brincar com o grupo do ensino médio. A vítima teria levado três rasteiras de um dos alunos mais velhos, sofrendo três lesões na cabeça.

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