sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Reflexões sobre o cárcere



O Brasil é o país da América Latina com a maior população carcerária – atualmente 401 mil presos - e o maior déficit de vagas vinculadas ao sistema penitenciário – 103 mil vagas.

Nos últimos 10 anos, o numero de prisões no país aumentou consideravelmente, muita gente começou a ser presa e pouca gente sai do sistema.

O ritmo crescente de prisões revela a incapacidade de se criar alternativas para a inclusão socioeconômica da população que, na maioria dos casos, é de pobres (mais de 80%) e semi-analfabetos (mais de 70%).

As políticas socioeconômicas não têm dado conta de oferecer perspectivas de uma vida digna para muita gente, o que estes, quase sem alternativas para sobreviverem, recorrem ao crime.

Ocorre que, ao recorrerem ao crime, existe a possibilidade de serem presos, lembrando que no Brasil, do total de crimes, aproximadamente 5% são apurados.

Ao entrarem no cárcere, o “estado” afirma que retira o indivíduo infrator da sociedade com a intenção de ressocialização, segregando-o, para depois reintegrá-lo ao seio da coletividade da qual foi afastado, mas todos sabem que isso não passa de hipocrisia, as prisões são verdadeiras masmorras, que não recuperam ninguém, ao contrário, corrompem, aviltam e pioram o transgressor, e em muitos casos leva à reincidência, que chega a mais de 60%.

O problema não está na dose do remédio, mas sim no remédio em si, que é outro, eminentemente social e econômico. Mas quem está disposto a enfrentar isto?


Fonte: PRUDENTE, Neemias Moretti. Reflexões sobre o cárcere. Jornal Recomeço, Leopoldina, v. 131, ano VII, maio 2007. Seção Matérias Anteriores. Disponível em: <http://www.jornalrecomeco.com>. Acesso em: 14 set. 2007.



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