sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Jovens sem esperança

O desemprego está virando um drama que atinge atualmente jovens de todas as classes sociais. Provoco uma reflexão aos leitores de O Diário.

Segundo dados oficiais, o desemprego atinge mais de 9 milhões de brasileiros, afetando, principalmente, os jovens de idade entre 15 e 24 anos, que representam 4,4 milhões de desempregados. Sendo assim, um em cada dois desempregados tem menos de 25 anos de idade.

Nos últimos dez anos, o número de jovens desempregados, entre 15 e 24 anos, mais do que dobrou, saltando de 2,1 milhões para 4,4 milhões, e a tendência é aumentar.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva errou feio em suas previsões e promessas: o espetáculo do crescimento virou tragédia e os 10 milhões de novos empregos, uma balela.

Os jovens são os mais prejudicados na disputa por um emprego, inclusive os que fazem parte deste estereótipo: não branco, de baixa renda e de pouca escolaridade. A esperança foi frustrada, desencadeando crises diversas, da revolta ao refúgio das drogas e conflitos com o Estado.

Diante da necessidade, os jovens têm a escolha de morrer de fome lentamente, matar a si próprio rapidamente ou tomar o que ele precisa onde encontrar - subtrair ilicitamente. E não é motivo para surpresa que muitos dentre eles prefiram a subtração ilícita à inação ou ao suicídio.

Não é à toa que a maior parte dos jovens infratores se encaixa na classe de menor poder aquisitivo (mais de 70%) e se envolvem, na sua maioria (mais de 75%), em crimes patrimoniais e tráfico de drogas.

Os crimes patrimoniais se dão em virtude da busca de recursos materiais, pelos deserdados sociais, para suprir carências econômicas. O tráfico de drogas está sempre de portas abertas para os jovens sem oportunidades no mercado de trabalho.

Agora, o que podemos exigir de jovens privados dos elementos básicos para a sobrevivência humana, incluindo a falta de alimentação, a carência de habitação e de vestuário, a baixa escolaridade e a falta de participação nas decisões políticas são, de fato, a pólvora do barril anti-social.

É ilógico exigir comportamento civilizado aos órfãos da dignidade humana. Antes de o adolescente ser autor da infração, em geral, ele foi vítima. Resta esperança?



Fonte: PRUDENTE, Neemias Moretti. Jovens sem esperança. O Diário do Norte do Paraná, Maringá, 03 jul. 2007. Opinião, p. 02.




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