quarta-feira, 2 de abril de 2008

Que guerra é essa?

Alba Zaluar



O HOMICÍDIO É O CRIME menos suprimível pela polícia, concluem criminólogos e policiais na cidade de Nova York. Ali se comemora a contínua queda do número de homicídios desde o início dos anos 90, após a severa alta provocada pela epidemia de crack nos anos 1980.
Em 1990, a cidade registrava o número mais alto de assassinatos em um ano -2.245-, quando predominava a violência entre estranhos. Em 2007, até 18 de novembro, foram mortas 428 pessoas, ou seja, a queda foi de mais de 400%. E agora se pergunta: o que fazer para manter a façanha?
A polícia da cidade de Nova York conseguiu diminuir o número de homicídios que envolviam desconhecidos em áreas públicas. Portanto, reduziu o número e o padrão dos homicídios naquela cidade. Mas não sabe o que fazer para continuar a administrar a queda.
Isto porque o homicídio é o mais privado dos crimes e envolve pessoas que se conhecem em locais privados ou semi-públicos. Não se pode colocar policiais em cada esquina da vizinhança nem muito menos dentro da casa das pessoas.
É preciso adicionar que, diferentemente de outras epidemias que envolvem vetores naturais, no assassinato o vetor (a arma) é produzido, distribuído e usado por seres humanos. Portanto, qualquer prevenção eficaz tem que tratar da possível vítima, do seu algoz e do vetor. Por isso a polícia nova-iorquina concentrou sua ação repressiva no porte ilegal de armas, principalmente entre homens jovens nas vizinhanças negras e latinas, de onde saem 92% das vítimas e seus algozes. Apenas 7% destas e destes são brancos.
E no Brasil, como estamos? Mal. É verdade que a epidemia de crack também se abateu sobre as cidades do Sudeste, a região mais rica do país, em diferentes momentos e ritmos.
No Rio de Janeiro, em 1998 morreram assassinadas 2.406 pessoas, das quais 94% eram homens. Destes, 29% eram brancos, 13% negros e 42% pardos. Em 2005, nos últimos dados disponíveis no Ministério da Saúde, foram 2.044 homicídios, dos quais 95% de homens, 30% brancos, 17% negros e 52% pardos. Uma suada diminuição de 15%.
Na taxa de homicídio entre homens de 15 a 39 anos, a queda naquela cidade foi de 20%. No mesmo período, essa taxa de homicídio em São Paulo diminuiu 55%. Em Belo Horizonte, ao contrário, a taxa subiu 230%. Em parte porque as epidemias da cocaína e do crack não foram simultâneas; em parte pelas diferentes estratégias adotadas pelas polícias em cada estado.
De todo modo, a queda registrada ainda é muito pouca diante dos extraordinários números de assassinatos nas três cidades mais ricas do país.

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