Cientistas criaram um aparelho que imita o processo usado pelas aranhas para tecer teias finas e super-resistentes.
A invenção pode ajudar a produzir uma nova geração de materiais fortes e leves, com aplicações em diversos campos, como na medicina.
Há anos pesquisadores tentam descobrir um método simples para fabricação de teias artificiais de aranha, já que --comparados a mesmo peso-- as teias podem ser cinco vezes mais fortes do que aço.
"Nós conseguimos observar os primeiros passos para formação da fibra, algo que não era possível antes", disse o cientista que liderou a pesquisa, Sebastian Rammensee, da Universidade Técnica de Munique, na Alemanha.
O trabalho da sua equipe foi publicado na revista científica "Proceedings of the National Academy of Science".
"Agora nós podemos entender melhor como funcionam as condições do processo afetam a qualidade da teia."
Apesar de anos de pesquisa, até hoje cientistas não conseguiram produzir teias artificiais com boa qualidade.
Quebra-cabeças
As aranhas tecem a teia a partir de proteínas solúveis em água que são secretadas a partir de células. Essas soluções são forçadas através de pequenos buracos --conhecidos como fiandeiras --que expelem o fio.
Para imitar esse processo, a equipe de cientistas alemães produziu geneticamente duas proteínas de teia de aranha a partir de bactérias.
O material é colocado em um aparelho de vidro com três canais, que conduzem a um canal maior.
"A proteína é introduzida em um canal e os outros dois são carregados com soluções de sal", explicou Rammensee.
O sal faz com que as proteínas se juntem. Ao passar pelo canal maior, a mistura se transforma em fibra.
A equipe conseguiu produzir fibras com propriedades diferentes ao combinar diversas proteínas e sais.
No entanto, segundo o professor Fritz Vollrath, da Universidade de Oxford, na Grã-Bretanha, nenhuma teia tinha alta qualidade.
"É mais um pequeno passo em direção à fabricação do material", disse Vollrath. "Ele adiciona um pedaço ao quebra-cabeças, mas é um quebra-cabeças muito grande e ainda faltam muitos pedaços."
Há anos cientistas vêm tentando descobrir o segredo da teia de aranha. Em 2002, a empresa canadense Nexia tentou recriar a proteína dos aracnídeos em cabras transgênicas.
A técnica funcionou, mas também não conseguiu produzir teia de boa qualidade, segundo Vollrath.
Na falta de técnicas artificiais, algumas empresas têm explorado as teias produzidas naturalmente.
A britânica Oxford Biomaterials usa teias de aranha para produção de revestimentos de órgãos que não se regeneram.
Segundo o diretor científico da empresa, David Knight, a criação de aranhas produtoras de teias é muito mais vantajosa economicamente do que o uso de técnicas transgênicas, que requerem investimentos maciços em pesquisa.
BBC Brasil, 30/04/2008.
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