SÃO PAULO - O casal Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá, único suspeito da morte de Isabella Nardoni, 5, só terá de pedir autorização para sair do pais depois que o Ministério Público encaminhar denúncia à Justiça e ela for aceita pelo juiz. Só então eles serão considerados réus no processo. Nesta terça-feira, faz exatamente um mês que Isabella morreu. A polícia deve entregar ainda hoje o inquérito e o promotor Francisco Cembranelli deve preparar a denúncia durante o feriado. O laudo da reconstituição, realizada domingo, deverá ser anexado ao processo em até um mês.
O Ministério Público foi informado de que a rede de hotéis VG Brasil Atividades Hoteleiras, com sede em Portugal, checou informações sobre crédito financeiro do pai de Isabella. Não está descartado o pedido de prisão preventiva do casal, mas a medida divide os criminalistas. A polícia suspeita que Alexandre e Anna Carolina podem ter intenção de deixar o país.
A pesquisa feita sobre o nome Alexandre Nardoni por parte da VG Brasil foi feita em 23 de abril. A rede tem 14 hotéis em Portugal e três Nordeste brasileiro. Policiais do 9ºDistrito Policial, que conduz o inquérito encaminhou ofício à rede pedindo informações sobre as consultas. A polícia quer saver se Nardoni fechou alguma reserva.
Em 2 de abril, quando a Justiça decretou prisão temporária do casal, Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá levaram mais de 20 horas para se entregar no Forum de Santana, na Zona Norte. A polícia teve que encontrá-los para negociar a rendição dos dois. No Nordeste, um dos hotéis da rede é o Vila Galé, em Salvador, na Bahia. A diária para um casal varia entre R$ 365 e R$ 392.
Com o encerramento do inquérito, a polícia liberou o apartamento de onde Isabella foi jogada, no sexto andar do edifício London, na Vila Mazzei, zona norte de São Paulo. As chaves do apartamento, do carro que a família usou no dia do crime e as chavez do apartamento de Cristiane Nardoni já estão à disposição dos Nardoni.
Duas operadoras de telefone celular também fizeram pesquisa sobre crédito do casal, a Vivo e a Brasil Telecom.
Da Vivo houve pesquisa para o pai de Isabella em 22 de abril e para Anna Carolina Jatobá em 19 de abril e 22 de abril. A Brasil Telecom também teria consultado o nome de Anna Carolina Jatobá em 17 de abril.
O casal pode viajar para onde quiser, enquanto o inquérito policial não terminar. A única exigência é que os indiciados avisem o delegado responsável pelas investigações, Calixto Calil Filho, e informem o destino a ser seguido.
- Viajar não é fugir - diz Romualdo Sanchez Calvo Filho, presidente da Academia Paulista de Direito Criminal. A situação do casal mudará quando a denúncia do Ministério Público (MP) for aceita pelo juiz.
O Globo Online, 29/04/2008.
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