Poucas coisas são mais odiadas pelos brasileiros do que os impostos. Não é à toa. Estudo realizado pelo Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT) mostra que os nascidos em 2008 terão que trabalhar nada menos do que metade de suas vidas para quitar todas suas dívidas com o Fisco.
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Segundo os cálculos do instituto, com uma expectativa de vida hoje em 73 anos, os brasileiros terão que trabalhar 36,3 anos para arcar com todos os gastos com impostos. O levantamento aposta em um crescimento da carga tributária de 0,79 pontos percentuais de 2008 a 2020.
- A média, nos últimos 18 anos, foi de 0,98 pontos percentuais - justifica Gilberto Luiz do Amaral, presidente do IBPT.
Caso não houvesse aumento da carga, o número de anos necessários cairia para 29,29.
Para se ter uma melhor noção do impacto dos impostos no bolso, em 2008, o brasileiro terá que trabalhar até 27 de maio somente para pagar tributos. Serão 148 dias. Na década de 70, eram precisos apenas 76. Em países em situação socioeconômica similar ao Brasil, como Argentina e México, o tempo necessário cai para 97 e 91 dias, respectivamente.
Longe de ser um segredo, o estudo do IBPT comprovou que o peso maior da tributação recai sobre a classe média. O brasileiro gasta, em média, 40,51% de sua renda bruta com impostos sobre a renda, patrimônio e consumo. Para rendimento mensal de até R$ 3 mil, a porcentagem cai para 38,63%. No caso de renda entre R$ 3 mil e R$ 10 mil, a despesa é de 42,83%, maior do que os 41,72% pagos pelos que recebem acima de R$ 10 mil.
- No mundo todo, a classe média é a mais onerada, já que não é possível aumentar os impostos dos mais ricos, sem também mexer com a carga que incide sobre seus rendimentos - explica Amaral.
A situação não é animadora. O peso dos impostos, segundo as projeções, deve chegar a 50,09% da renda em 2020.
O Globo Online, 29/04/2008.
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