terça-feira, 1 de abril de 2008

Emergente mantém padrão de vida dos EUA

Dinheiro de países de renda média investido nos EUA poderia reduzir pobreza se ficasse com nações em desenvolvimento, diz estudo.

Direcionar os investimentos de países de renda média para países pobres ou aplicá-los nacionalmente ao invés de destiná-los aos Estados Unidos, principal recebedor de recursos internacionais, traria impacto positivo na redução da pobreza. Isso porque o capital aplicado possibilitaria que mais bens e serviços estivessem disponíveis nos países pobres, o que melhoraria o padrão de vida das populações.

A avaliação é de um estudo sobre fluxo de capital estrangeiro feito pelo Centro Internacional de Pobreza, uma instituição de pesquisa do PNUD resultado de uma parceria com o IPEA (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas). Intitulado "As Iniqüidades Flagrantes dos Desequilíbrios Globais", o texto foi publicado pela primeira vez em janeiro de 2007 e desde março está disponível em português.

A tendência registrada pelo estudo é que países ricos ou de renda média — como Japão, Alemanha, China, Arábia Saudita e Rússia — têm feito investimentos em outras nações ricas, gerando uma desigualdade no fluxo de capital. O principal destino dos investimentos são os Estados Unidos que, apesar de apresentar uma economia avaliada como frágil, possui grande demanda por bens e serviços. “Uma clara ilustração dessa desigualdade é a média dos déficits americanos nos últimos anos, que tem sido três vezes superior ao total do Produto Interno Bruto da África Subsaariana”, afirma o texto.

"Atualmente, a população dos EUA desfruta de um nível de vida seis vezes superior a sua renda, graças ao gigantesco e contínuo fluxo de capitais originários de outros países. Em termos globais, os EUA estão se tornando um país ‘altamente devedor". Esse déficit externo obriga um setor da economia gastar mais para equilibrar a balança norte-americana, no caso o setor pessoal, motivado pela valorização imobiliária, altas na bolsa de valores e baixos juros, de acordo com o texto.

Para o economista Terry McKinley e para o professor Alex Izurieta, autores do trabalho, os Estados Unidos possuem uma estrutura de bens e serviços que seriam mais importantes para o desenvolvimento se estivessem disponíveis em países pobres. "Baseadas efetivamente nos empréstimos de outros países, as famílias americanas têm monopolizado bens e serviços que teriam impactos mais importantes no bem estar humano global caso fossem consumidos em países mais pobres", afirma o texto.

Para atrair investimentos para países em desenvolvimento é necessário adotar medidas para incentivar a demanda de bens e serviços em outros países que não os Estados Unidos. "Favorecer de forma substancial à demanda, em particular o investimento interno, em países em via de desenvolvimento, seria uma prioridade para atingir uma solução eqüitativa", de acordo com o estudo.


Fonte: PNUD Brasil

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