quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Custo anual do cibercrime no Brasil é de R$ 16 bilhões, diz estudo


O custo de crimes realizados por meio da internet no Brasil, incluindo fraude e roubo de informações bancárias usando vírus, é de cerca de R$ 16 bilhões anuais (ou 7% do prejuízo global causado pelo cibercrime), segundo um recente estudo realizado pela Norton/Symantec.
De acordo com a estimativa, o país é o terceiro mais afetado por atividade ilegal na rede, atrás de China (R$ 92 bilhões), EUA (R$ 21 bilhões) e empatado com a Índia.
No estudo, a firma de segurança ouviu 13 mil pessoas com idade entre 18 e 64 anos, de 24 países. As entrevistas foram realizadas on-line entre 16 e 30 de julho deste ano. A cifra é calculada a partir da proporção de entrevistados que foram vítimas de cibercrime nos 12 meses que antecederam a entrevista (32% do total), multiplicada pelo custo médio de um ataque no Brasil (R$ 562) e pela população on-line do país.
"Esse custo envolve danos diretos a pessoas e a empresas, como por meio de fraude e roubo. Calculamos esse valor com base no que as pessoas nos respondem", disse àFolha o americano Adam Palmer, especialista de segurança cibernética da empresa e um dos autores do estudo, chamado Norton Cybercrime Report 2012.
Reprodução
Gráfico do relatório "Norton Cybersecurity Report 2012" que mostra o custo anual, em dólares, do cibercrime
Gráfico do relatório "Norton Cybersecurity Report 2012" que mostra o custo anual, em dólares, do cibercrime
Palmer está no país para a divulgação oficial dos resultados, que acontece nesta quinta (4) durante um evento em São Paulo. Ele argumenta que o valor também envolve as forças policiais e órgãos governamentais envolvidos no combate à atividade virtual ilícita. "Isso pode ter um sério impacto sobre a economia de um país."
"Os números [do cibercrime no Brasil] são altos, e podem ser resultantes de uma economia que cresce, já que aumenta a adoção da tecnologia e de dispositivos móveis", diz Palmer.
Para Rafael Labaca, coordenador de educação e pesquisa para a América Latina da empresa de segurança ESET, o Brasil é o líder de alguns tipos de ataques, incluindo os bancários, justamente por exercer uma posição de liderança econômica.
Divulgação
Adam Palmer, da Norton, um dos responsáveis pelo estudo
Adam Palmer, da Norton, um dos responsáveis pelo estudo
A margem de erro para a amostra total é de 0,9 ponto, com intervalo de confiança (indicador estatístico de verificabilidade das informações) de 95%, diz a empresa.
ALARMANTE
75% dos brasileiros que usam a internet já foram vítimas de alguma forma de cibercrime --como cair em um golpe cujo intento era roubar informações confidenciais ou permitir a instalação de um vírus ou outra forma de código malicioso.
A média global de ocorrência de cibercrime é de 67%, enquanto os níveis mais altos são verificados na Rússia (92%), na China (84%) e na África do Sul (80%).
Quase um quarto dos entrevistados que usam redes sociais no Brasil (23%) disse que seu perfil foi invadido por uma pessoa que se fez passar por ele. Tal proporção, a mesma que a da China, é a mais alta entre todos os países contemplados pela pesquisa.
Cerca de 42% não sabem que vírus podem agir de maneira imperceptível em um computador (à par com a média global, de 40%).
RISCO MÓVEL
Donos de smartphones e tablets se importam exclusivamente com a segurança de seus aparelhos, enquanto deveriam dispensar atenção também à informação que introduzem neles, segundo Labaca.
"É essencial, por exemplo, que haja uma senha para o desbloqueio do telefone. A maioria dos usuários deixa as sessões [de e-mail e de redes sociais] abertas, o que facilita a ação de pessoas mal-intencionadas que tenham acesso ao dispositivo", diz.
A pesquisa da Norton mostra que dois terços dos usuários de internet usam redes Wi-Fi gratuitas ou sem proteção (sem criptografia) e que 24% desses acessa a conta do banco por meio de tais conexões arriscadas.
Cerca de 67% dos donos de dispositivos móveis dispensam solução de segurança, como um antivírus, para navegar.
Deve-se tomar cuidado ao instalar aplicativos no aparelho, segundo Labaca. "Em especial na Google Play [loja de apps para o sistema Android], onde os desenvolvedores têm mais liberdade, é preciso prestar atenção na confiabilidade da fonte dos programas."
ANTIVÍRUS NÃO BASTA
Usuários de laptops e de computadores de mesa parecem se preocupar mais com o seu aparelho: 83% têm antivírus instalado.
Ainda assim, segundo Labaca, a proteção não é completa. "Não é só isso que vai te salvar; o usuário precisa ter comportamento adequado, como, quando inserindo informações sensíveis, verificar se o site tem o 'cadeadinho' de certificação HTTPS [situado ao lado do endereço da página, na maioria dos navegadores]".


YURI GONZAGA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA. 04/10/2012

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