LUIZ FLÁVIO GOMES (www.blogdolfg.com.br)
Doutor em Direito penal pela Universidade Complutense de Madri, Mestre em Direito Penal pela USP e Diretor-Presidente da Rede de Ensino LFG. Foi Promotor de Justiça (1980 a 1983), Juiz de Direito (1983 a 1998) e Advogado (1999 a 2001).
Como citar este artigo: GOMES, Luiz Flávio.O método de ensino "from donw to uploading": Uma revolução educacional (Parte II).http://www.lfg.com.br - 06 novembro. 2009. Disponível em
O método que estamos propondo ("from donw to uploading") conta com três etapas: conceitual, dialogal e criacional. A primeira consiste em tomar conhecimento dos conceitos. A segunda etapa (dialogal) acontece fundamentalmente por meio de web-tutores, chats, fóruns de discussões etc. A internet, para funcionar adequadamente no processo de aprendizagem, tem que servir de ambiente profícuo para a interatividade permanente (no mínimo, por e-mail). O aluno não pode ter a sensação (ou a percepção) de abandono ou de isolamento. Todas as suas dúvidas devem ser sanadas pelos web-tutores do curso com rapidez. A comunicação é importante. Abelardo Barbosa (o velho guerreiro "Chacrinha") já dizia: "quem não se comunica se trumbica". Hoje, quem não se comunica se exclui, se elimina.
Algumas vantagens do processo de aprendizagem pela internet (ainda que seja parcial, como estamos aqui sustentando) são desde logo incontestáveis: atende o ritmo do aluno, facilita a disseminação de conhecimentos, também proporciona aprimoramento de habilidades e capacidades, permite que mais pessoas obtenham reciclagem profissional, conta com horários flexibilizados etc. E tudo isso, em regra, por um custo bem mais baixo que o ensino tradicional.
A terceira etapa do método from donw to uploading (criacional) consiste em o aluno passar para o patamar da produção, da criação, ou seja, cabe-lhe escrever e fazer o seu uploading (produzir algo e colocá-lo na rede comunicacional). Do donwloading ao uploading, do baixar um documento e lê-lo a escrever o seu documento (da leitura e compreensão à produção de um texto). Se depois de tudo isso todo esse material produzido pelos alunos (com revisão dos tutores) for reunido numa biblioteca virtual podemos talvez contar com uma das maiores fontes de pesquisa na web.
O método de ensino que acaba de ser desenhado, tridimensional, como se vê, não é só tecnologia. É também pedagogia, psicologia, comunicação social e motivação. A soma de todos esses ingredientes tende a produzir um bom produto final, sobretudo quando se consegue por meio de uma desburocratizada interatividade complementar tudo aquilo que já foi ministrado em salas de aula (via satélite ou presencialmente).
Salas de aula tradicionais, sem recursos áudio-visuais, e livros impressos não desaparecerão da noite para o dia. Seria um equívoco imaginar o contrário. De qualquer modo, a rapidez da internet e a otimização que proporciona o ensino telepresencial modificarão o cenário educacional em pouco tempo, nas instituições mais avançadas. Aliás, se prestarmos atenção nas experiências em andamento, tudo já está mudando.
A facilidade de conectar ao conteúdo de um curso ou de uma aula uma infinita quantidade de informações extras torna o ensino complementar pela web um meio muito atrativo de aprendizagem. A internet pode isoladamente produzir bons frutos, mas quando a ela se alia o método telepresencial, a otimização do ensino (e da aprendizagem) chega a índices notáveis. Por uma série de razões, o ensino exclusivamente virtual (só pela internet) vem (ainda) encontrando muita resistência. Por ora, o melhor rendimento na educação a distância de graduação (regulamentada pelo MEC) parece ser resultado da conjugação da tecnologia satelitária (aulas telepresenciais) com a internet e o professor local.
O ensino pela internet precisa, entretanto, antes de tudo, ser aprendido no nosso país. Não substituirá o ensino ao vivo, em tempo real, todavia, é um promissor método de aprendizagem; somado ao sistema telepresencial, pode alcançar notáveis êxitos.
Adotando-se a tecnologia correta (ensino telepresencial e virtual) com a metodologia adequada (learning-doing), mais o apoio e o estímulo à pesquisa dado pelo professor local, o sucesso (nos cursos de graduação ou de pós-graduação ou livres) parece seguro. Aliás, já se constatou que quando o aluno aprende fazendo (learning-doing) o nível de retenção é de 70%. Isto é impressionante porque numa sala de aula tradicional apenas 5% da informação é retida; a leitura chega a 10% e o (mero) treinamento pelo computador alcança 20% (cf. Heron A. Sâmara, Gazeta Mercantil de 11.09.01, p. A-2). É preciso enfrentar situações da vida real enquanto se aprende. Isso incrementa sobremaneira o conhecimento e a retenção do que se aprende.
Até mesmo experts podem ter acesso a informações rápidas, seguras e sem nenhuma barreira de tempo ou de espaço. A experiência do e-learning pode ser rica em conteúdos, pode habilitar o profissional a lidar com situações novas assim como a pensar de forma mais abrangente e mais afinada com as necessidades do mundo atual, tal como a competitividade (e empregabilidade) exige.
De outro lado, já se comprovou empiricamente que o aluno não consegue normalmente ficar totalmente concentrado em uma sala de aula tradicional por mais de vinte minutos. Para superar tudo isso, só a pedagogia motivacional. No computador a concentração pode chegar até a uma hora e meia (cf. O Estado de S. Paulo de 06.05.02, p. I5). Mas isso depende muito do processo de motivação, que é muito maior (em geral) quando se trata do ensino a distância.
Do mesmo modo que nenhuma empresa de sucesso dispensa o e-learning para o treinamento de seus funcionários (e-training), nenhuma instituição de ensino pode prescindir desses novos meios de ensino. Aliás, o comprometimento com o futuro dos seus alunos exige a criação de ambientes apropriados que lhes permitam saber mais, conhecer melhor, inovar e evoluir. Só assim podem (as instituições e os alunos) obter ganhos significativos no desempenho de suas atividades.
O êxito de toda organização de ensino na atualidade está direta e proporcionalmente correlacionado com a sua atuação inteligente e adequada neste cenário complexo e desafiante da era globalizada informacional. De cada cem empresas (nos EUA) que existiam no princípio do século XX, apenas quinze alcançaram o século XXI. Na era da globalização competitiva esse número tende a ser menor. Logo, ou nos adaptamos todos (empresas, instituições de ensino, professores, alunos etc.) à nova era ou perecemos! A escolha, para quem pode, fica por conta de cada um.
A combinação do ensino telepresencial + professor local + ensino virtual (satélite + professor local + internet), na graduação, como toda nova experiência, com certeza passará por muitos aprimoramentos. De qualquer maneira, aprender o que nos interessa e conquistar novos conhecimentos e habilidades pela via digital, ainda que com alguns tropeços, é muito melhor que ser um errante analógico excluído do mundo e do mercado de trabalho.
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