quinta-feira, 17 de abril de 2008

Testemunha de defesa admite ter sido molestada por Farah

O médico é acusado de matar e esquartejar a dona de casa Maria do Carmo Alves, sua ex-namorada.

A ex-paciente Ana Maria Teixeira de Matos, uma das principais testemunhas de defesa do médico Farah Jorge Farah, que está sendo julgado pela morte de Maria do Carmo Alves, admitiu nesta quarta-feira, 16, ter sido molestada sexualmente por ele. Ao depor, no 2º Tribunal do Júri, em São Paulo, ela afirmou que, mesmo assim, manteve "uma amizade" com o médico e a família por cerca de dois anos.



O médico Farah é acusado de matar e esquartejar a dona de casa e sua ex-namorada Maria do Carmo Alves, de 46 anos, em janeiro de 2003, em seu consultório, no bairro Santana, na zona norte de São Paulo. Os depoimentos terminaram por volta das 16h15. Agora, a pedido do advogado de Farah, Roberto Podval, serão exibidos os filmes "Atração Fatal" e "Tomates Verdes Fritos".



Primeiro dia de julgamento


O médico sentou-se na terça-feira, 15, no banco dos réus do 2º Tribunal do Júri da Capital para ser julgado pela morte de Maria do Carmo Alves, em janeiro de 2003, com quem afirma ter tido um relacionamento amoroso. O julgamento atrasou cinco horas porque a Justiça se esqueceu de intimar uma testemunha de defesa, sem a qual o júri não poderia ser realizado.


Ao chegar ao Fórum, por volta das 10 horas, o réu se desequilibrou e caiu, apesar de usar uma bengala - ele tem uma das pernas pouco firme, por causa de problemas de saúde. A imagem de um senhor com as condições físicas debilitadas e de declarações infantis de que vivia em torno dos pais, contrastou com a linha de raciocínio forte.


Farah deixou claro que o crime ocorreu após pelo menos cinco anos de uma perseguição insistente e desmedida por parte de Maria do Carmo. "Fiquei com medo", afirmou o médico - e repetiu isso por dezenas de vezes, dizendo que ela era uma ameaça para ele, suas funcionárias e sua família. A defesa argumenta que o comportamento de Maria do Carmo causou um estresse tão grande no médico que ele se desestabilizou.


A estratégia do advogado Roberto Podval é separar o homicídio do esquartejamento. Segundo ele, o assassinato seria facilmente justificável perante aos jurados explicando o impacto da "perseguição" da vítima na vida dele. "Ocultação e vilipêndio de cadáver (esconder e esquartejar o corpo) são crimes infinitamente menores que o homicídio, mas para quem julga tem valor infinitamente maior", analisou o advogado.



Estadão, 17/04/2008.

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