sexta-feira, 4 de abril de 2008

Preso ganha liberdade, mas pede para ficar na cadeia

Fabrício Crescêncio Marques, de 21 anos, não quer a liberdade. Depois de receber o alvará de soltura, o preso escreveu uma carta pedindo ao juiz Sérgio Maia, de Perdões (MG), para permanecer na prisão. Detido por ter assaltado uma mercearia, Fabrício diz que não quer sair do lugar porque não tem emprego, moradia ou família em Minas Gerais. A história é contada pelo site G1.

Ele afirma que fez o roubo por necessidade. “Eu tava na cidade passando fome, frio, pode-se dizer bem assim que a gente deu um tropeço, né?", tentou explicar. Depois de quatro meses no sistema convencional, ele foi transferido, em setembro, para a Associação de Proteção e Assistência ao Condenado (Apac). O método de recuperação tem como base o trabalho: durante o dia, os detentos fazem artesanato e marcenaria. Só ficam na cela para dormir.

Fabrício acha que, se voltar às ruas, poderá não se reintegrar a sociedade e cometer outros crimes. A posição dele surpreendeu a todos e virou o assunto mais comentado na cadeia. Apesar da comoção, o pedido de Fabrício não poderá ser atendido. O Código Penal Brasileiro não permite que presos que já tenham alvará de soltura permaneçam na cadeia.

O juiz Sérgio Maia diz que autorizou a libertação porque Fabrício tem bom comportamento e cumprirá a pena prestando serviços à comunidade. Não imaginava era que o preso não fosse gostar da notícia. “Em 12 anos de magistratura nunca enfrentei situação idêntica. Foi uma surpresa”, afirmou. Maia garantiu que Fabrício vai ter ajuda para a sua reintegração.

Revista Consultor Jurídico, 12 de outubro de 2007

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