O papiloscopista João Alcione Cavalli , funcionário do Instituto Médico Legal (IML) de Curitiba, foi preso nesta terça-feira acusado de vender o corpo de um indigente para um homem que quis forjar a própria morte e receber o seguro de vida. O homem acusado de planejar o golpe, o paranaense Mércio Eliano Barbosa, de 28 anos, também foi preso.
Barbosa fez há três anos duas apólices de seguro de vida - uma no valor de US$ 1 milhão e outra de US$ 600 mil - nos Estados Unidos onde morava com sua esposa.
- De lá, ele já começou a fazer contatos para saber como conseguiria um atestado de óbito falso. Depois ele passou a procurar pela internet, deixando recados em comunidades do Orkut até que o funcionário do IML soube e o procurou - contou nesta terça-feira o secretário da Segurança Pública do Paraná, Luiz Fernando Delazari.
Com o falso atestado de óbito, a mulher de Barbosa receberia nos Estados Unidos o US$ 1,6 milhão da companhia. O funcionário do IML ficaria com R$ 30 mil para atribuir ao indigente a identidade de Barbosa. Os golpistas enterraram o indigente no dia 26 de julho de 2007.
A seguradora, a New York Life Insurance, porém, desconfiou da morte de Barbosa e repassou algumas informações à polícia brasileira. No dia 5 de março foi aberto inquérito e Barbosa e sua irmã Daiana, de 20 anos, foram presos na cidade de Ibaiti, no Norte do Paraná, na última sexta-feira.
- Conseguimos pegá-los da mesma forma que eles negociaram a compra do cadáver, pela internet. A polícia Civil usou uma foto de uma mulher para marcar um encontro amoroso com Andrade através de um site de relacionamento e foi aí que conseguimos encontrá-los - relatou o secretário Delazari.
Foi a irmã de Barbosa quem reconheceu o corpo do indigente como sendo do irmão. Também foi preso Cristian Gean José de Andrade, de 30, acusado de também participar do golpe.
- Barbosa entregava o dinheiro a Andrade para fazer o pagamento das mensalidades e, após sua suposta morte, conseguiria quitar o consórcio e dar uma parcela do dinheiro a Andrade - afirma o delegado Sérgio Inácio Sirino.
Barbosa, Daiana e Andrade vão responder por estelionato, falsificação de documento público, falsidade ideológica, corrupção ativa e formação de quadrilha. O funcionário do IML será indiciado por corrupção passiva. A polícia vai tentar a extradição da mulher de Barbosa dos Estados Unidos para o Brasil.
- Provavelmente ela será extraditada porque está em situação ilegal naquele país - Sirino.
Na quarta-feira , a polícia deve realizar a exumação do corpo enterrado em São José dos Pinhais. Há suspeita de que o corpo seja de Marcelo Alves, mas só um exame de DNA poderá comprovar a identidade.
"Conseguimos pegá-los da mesma forma que eles negociaram a compra do cadáver, pela internet."
O Globo Online, 16/04/2008.
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