terça-feira, 15 de abril de 2008

PF diz ter provas para indiciar empresária de GO por escravidão

Agora, polícia pretende indiciar o casal Calabresi até o final deste mês, após colher depoimento de Silvia.


GOIÂNIA - A Polícia Federal, em Goiás, tem provas de que a menina LRS, de 12 anos, vivia na condição de escrava na casa da empresária Silvia Calabresi Lima. Após ouvir 25 testemunhas, o delegado de Defesa Institucional, Raul Alexandre Marques de Souza pretende indiciar a empresária e o marido dela, nos próximos dias, pelo crime de "redução à condição análoga de escrava". Em caso de condenação, o casal poderá cumprir um período de dois a oito anos de reclusão. A denúncia foi feita pelo Ministério Público do Trabalho.

"Há vários indícios e, após o levantamento de provas, o inquérito será remetido à Justiça Federal", disse o delegado Marques de Souza para o Estado. Entre as provas, ele colheu depoimentos de testemunhas oculares que viram a menina LRS lavando a casa construída por Silvia Calabresi Lima, no condomínio Portal do Sol. Também há testemunhas, no prédio onde a menor morava, garantindo que era obrigada a cuidar de M., de três anos, filho caçula da empresária.

A PF de Goiás pretende indiciar o casal no final do mês, após ouvir a empresária que está presa na Casa de Prisão Provisória (CPP), em Aparecida de Goiânia (GO) desde o dia 17 de março. Foi quando a Polícia Civil libertou a menina, acorrentada e amordaçada, na casa da empresária. O depoimento dela deverá ser tomado em dois dias.

Nesta segunda-feira, a PF ouviu o marido da empresária, o engenheiro civil Marco Antonio Calabresi Lima. Ele negou ter conhecimento dos trabalhos forçados da menina e da jornada extensiva. Disse nada saber, e alegou viajar constantemente a trabalho. "Eu vinha à minha casa a cada 15 dias", disse ao delegado. O filho dele, Tiago, de 24 anos, também alegou desconhecer a condição análoga de escravo de LRS. Garantiu ao delegado da PF que mora na casa da avó paterna, Terezinha, no Centro de Goiânia, desde a infância.

A PF ainda não ouviu a mãe adotiva da empresária, Maria de Lourdes Haddad, de 82 anos de idade. Ela está desaparecida. Viajou para local ignorado, segundo os parentes, após a descoberta do escândalo.

A única dificuldade encontrada pela PF de Goiás nas investigações está em estabelecer as mesmas condições de trabalho forçado a que teriam sido submetidas outras cinco meninas, contratadas pela empresária nos últimos 17 anos.


Estadão, 15/04/2008.

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