sexta-feira, 25 de abril de 2008

Pesquisa revela que 22% dos jovens britânicos se autoflagelam

Uma pesquisa com adolescentes realizada no Reino Unido surpreendeu especialistas e ONGs ao revelar que 22% dos entrevistados admitiram cometer autoflagelo.

A sondagem, feita com 800 jovens, foi encomendada pela empresa Affinity Care, especializada em saúde mental, para marcar a abertura da conferência Young People and Self-Harm (Jovens e autoflagelo, em tradução literal) que acontece nesta sexta-feira em Manchester, ao norte da Inglaterra.

Os resultados apontam que a prática é mais comum entre as meninas do que entre os rapazes. Entre os adolescentes que cometem a autoflagelação, 73% afirmaram que se cortam, 48% disseram que dão socos em si mesmo, 14% provocam queimaduras e 10% admitiram ingerir substâncias venenosas.

Segundo a pesquisa, entre as principais razões citadas pelos jovens, 43% afirmaram que cometem o autoflagelo porque se sentem deprimidos, 17% porque se sentem nervosos, 10% responsabilizaram problemas de relacionamento e outros 10% culparam o estresse.

Preocupação

A pesquisa sobre o número de jovens que cometem autoflagelo é divulgada um dia depois de uma outra sondagem, realizada pela ONG Children's Society, sobre a saúde mental dos adolescentes britânicos. O levantamento indica que 27% dos jovens com idade entre 14 e 16 anos sentem-se deprimidos com freqüência.

De acordo com o psiquiatra David Kingsley, que trabalha no hospital Cheadle Royal, que oferece serviços para adolescentes com problemas de saúde mental, a pesquisa ressalta o autoflagelo como um problema crescente entre os jovens.

Segundo ele, muitos dos adolescentes que se autoflagelam não teriam a intenção de suicidar-se.
"Trata-se de um modo de tentar aliviar a dor emocional", disse. "No entanto, esse alívio é apenas temporário e não trata das questões por trás dos machucados", comentou.

Kingsley ressalta a importância de oferecer ajuda aos jovens que sofrem de problemas de saúde mental.
"Muitos adolescentes que se autoflagelam mantém isso em segredo, pois temem a reação das pessoas. Eles precisam ser levados a sério e temos que oferecer a ajuda necessária", disse.

"Precisamos nos perguntar quais elementos da vida moderna estariam causando tanto estresse para nossos jovens", afirmou o psiquiatra.

Epidemia

A diretora da ONG britânica Sane, que trabalha com saúde mental, Marjorie Wallace, afirma que os resultados da pesquisa são "preocupantes".

Ela comenta que as ligações recebidas pela central de atendimento da organização sugerem uma "epidemia crescente de autoflagelo entre os adolescentes". Segundo Wallace, os jovens procuram modos extremos de encontrar alívio para seus problemas mentais.

"É um modo viciante e desesperado de lidar com o estresse relacionado ao crescimento", disse ela. "É essencial que os jovens que se autoflagelam sejam aconselhado a parar antes que isso evolua para uma doença duradoura", afirmou.

Wallace alerta que qualquer adolescente suspeito de autoflagelo deve ser identificada e encaminhada para tratamento e aconselhamento com urgência.

De acordo com Sarah Brennan, diretora da ONG Young Minds, especializada em saúde mental de jovens, muitos pais sentem-se impotentes quando descobrem que seus filhos cometem autoflagelo.

"Alertar os pais e aqueles que oferecem serviços para jovens garante que os pais possam procurar por alguém informado caso seus filhos estejam cometendo autoflagelo", disse Brennan.


BBC Brasil, 25/04/2008.

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