quinta-feira, 17 de abril de 2008

OIT diz que Brasil é ponto de origem, destino e trânsito do tráfico de pessoas

xistem poucas informações sobre as rotas que o tráfico de pessoas usa para transportar as vítimas aliciadas. Uma delas, originada do Relatório Nacional sobre Tráfico de Mulheres, Crianças e Adolescentes para o Propósito de Exploração Sexual, diz que há no mundo 241 rotas utilizadas para esse fim. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) garante que o Brasil é ponto de origem, destino e trânsito do tráfico.

De acordo com Rodrigo Pena, oficial de projetos da OIT no Brasil, os países do Cone Sul – que também inclui Argentina, Paraguai e Uruguai – e o Chile têm mais rotas e mais fluxo de vítimas do que o resto da América Latina. “Não é que não exista em outros lugares. Dentro do Brasil mesmo há várias rotas de tráfico de pessoas como do Pará para o Suriname, do Amapá para a Guiana e Guiana Francesa, além das rotas internas para trabalhos forçados na área rural, que incluem Mato Grosso, Goiás, Maranhão”.

Um exemplo de tráfico de pessoas que usa a rota pelo Cone Sul, segundo Pena, é o de bolivianos que vêm trabalhar nas indústrias têxteis de São Paulo ou que vão para a Argentina. “Esses bolivianos passam pelo Paraguai para entrar no Brasil e na Argentina”, explica. De acordo com ele, as estimativas indicam que existem entre 160 e 260 mil trabalhadores bolivianos em regime de trabalho forçado só no Brasil. “Eles não têm acesso a trabalho digno no país deles e vêm para cá sem saber que vão trabalhar trancados, em condições insalubres”, completa. A mão-de-obra escrava para trabalhos urbanos também é aliciada no Peru e no Paraguai, de acordo com o oficial da OIT.

“Se um lugar tem mais condições de trabalho e paga melhor, as pessoas que estão em volta, nos países mais pobres sem condições decentes de trabalho ficam mais suscetíveis a serem traficadas para lá. Foi assim com Estados Unidos e México e é assim com os países da América Latina com relação a Brasil e Argentina”, explica.

Ele lembra, no entanto, que não se deve confundir o fluxo migratório por melhores oportunidades de trabalho com o tráfico de seres humanos. “Eu, por exemplo, migrei do Rio para São Paulo e depois para Brasília. Mas fui para trabalhar em boas condições. No tráfico, o trabalhador é explorado”. Segundo Rodrigo Pena, o tráfico para venda de órgãos é pouco conhecido no Brasil.


Agência Brasil, 17/04/2008.

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