domingo, 27 de abril de 2008

Morte de Isabella é 'barbaridade imensa', define Lula

'O que eu acho grave é que mesmo que o casal seja inocente eles já estão condenados', diz presidente.

SÃO PAULO - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu neste sábado, 26, cautela no tratamento do caso da menina Isabella Nardoni, assassinada no final do mês passado. Ao repetir um discurso semelhante ao usado nos casos em que denúncias atingem aliados políticos, o presidente defendeu que não seja feito um prejulgamento do pai da menina, Alexandre Nardoni, e da madrasta, Anna Carolina Jatobá. Independentemente de serem culpados do crime, na avaliação do presidente, ambos têm sido tratados como condenados no caso.



"O que eu acho grave, nesse caso da Isabella, é que mesmo que o casal seja inocente eles já estão condenados. Se eles forem condenados, já estão condenados antes também. Eu acho que é preciso tomar cuidado ao tratar essas coisas porque são vidas que estão em jogo. Vidas destruídas que dificilmente se reconstruirão", disse o presidente, que visitou no final da manhã um posto de vacinação em São Bernardo do Campo, como parte do lançamento da campanha de vacinação contra a gripe.



Lula, que se referiu à morte da menina como uma "barbaridade imensa", disse acreditar que a polícia de São Paulo tem "inteligência suficiente" para ter cuidado na apuração. "Agora, eu fico preocupado quando a pirotecnia toma conta da investigação. É 24 horas por dia tocando no assunto. Terminam inocentes sendo culpados. Quem sabe os verdadeiros culpados ainda não apareceram", emendou.



Questionado sobre a possibilidade de uma alteração no Estatuto da Criança e do Adolescente para punir castigos corporais em crianças, Lula lembrou que nunca precisou de uma imposição legal para não bater em seus próprios filhos. "Eu acho que a educação dos filhos não deveria ser incluída em lei. Deveria ser uma educação de berço. Eu tenho cinco filhos e nunca bati em nenhum deles. Não acho necessidade."



O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), que acompanhou Lula na visita, disse que a Polícia Civil, com a ajuda da polícia científica, já cumpriu sua parte no que se refere à investigação. Agora, disse o governador, cabe aos promotores decidirem se aceitam ou não a denúncia. "Agora, o Ministério Público e a Justiça é que vão examinar essas provas recolhidas."


Estadão, 27/04/2008.

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