sexta-feira, 25 de abril de 2008

Milícias no Iraque recrutam crianças para ataques, diz ONU




A representante da ONU para Crianças e Conflitos Armados, Radhika Coomaraswamy, afirmou nesta sexta-feira que os grupos insurgentes do Iraque estão recrutando crianças para ataques suicidas.

Coomaraswamy fez a declaração em uma entrevista coletiva nesta sexta-feira em Amã, na Jordânia, depois de uma visita de uma semana ao Iraque.

"Desde 2004, um crescente número de crianças foi recrutado por milícias e grupos insurgentes, inclusive para ataques suicidas", disse a representante da ONU, acrescentando que as crianças são as "vítimas silenciosas" no Iraque.

"Muitas destas crianças não vão mais à escola, muitas são recrutadas para atividades violentas ou então detidas", acrescentou. "Elas não têm acesso aos serviços mais básicos e manifestam muitos sintomas psicológicos da violência que vivem no cotidiano."

Detenção

Coomaraswamy afirmou que também há informações de que cerca de 1,5 mil crianças estão presas "em instalações de detenção" no Iraque.

A representante da ONU acrescentou que apenas 50% das crianças com idade para freqüentar a escola primária comparecem às aulas, uma queda de 80% na comparação com 2005.

Apenas 40% têm acesso a água potável e existe também a possibilidade de surtos de cólera.

Coomaraswamy pediu que todos os envolvidos no conflito do Iraque "obedeçam os padrões humanitários internacionais para a proteção de crianças".

Segundo Andrew Bolton, correspondente da BBC no Iraque, as declarações da representante da ONU reforçam uma preocupação já expressada por militares americanos.

No mês passado, os americanos divulgaram imagens em vídeo do que descreveram como uma propaganda da Al-Qaeda que mostrava o treinamento de crianças para o uso de armas e a realização de seqüestros.

Na ocasião, os Estados Unidos afirmaram que a Al-Qaeda estava ensinando meninos a construir carros-bomba e enviando crianças para missões suicidas.


BBC Brasil, 25/04/2008.

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