quarta-feira, 16 de abril de 2008

Marcha da maconha está marcada para o dia 4 no Arpoador

RIO - A edição deste ano da Marcha da Maconha, que será realizada no dia 4 de maio, no Arpoador, ganhou ontem um adversário. O prefeito Cesar Maia partiu contra a manifestação, que este ano também reunirá adeptos em outras nove cidades do país. A página oficial do evento na internet, por sua vez, rebateu as críticas ainda na terça-feira. No ano passado, a passeata, que terminou no Posto 9, reuniu, segundo a PM, cerca de 250 pessoas.

- Sou radicalmente contra qualquer tipo de legalização de drogas como a maconha, para não falar das drogas alucinógenas e brutalizantes. E sob qualquer ponto de vista, seja de saúde publica, seja econômico, seja de desintegração das famílias, seja do lastro que dá à violência - afirmou o prefeito, que questionou também a legalidade do movimento.

Ainda pela manhã, depois de o prefeito ter divulgado as críticas, o site do evento já trouxe a resposta: "Achamos muito estranho que um político com a sua experiência não conheça ainda os direitos de manifestação do pensamento", dizia o texto assinado pelo "Coletivo Marcha da Maconha do Rio de Janeiro". Um dos organizadores da passeata, o sociólogo Renato Cinco disse que as afirmações de Cesar Maia foram maldosas:

- Ele insinuou uma ilegalidade onde não existe. As pessoas têm todo o direito de lutar para a mudança das leis. No nosso entendimento, a proibição da droga colabora na produção da violência.

Este ano, o site do evento traz uma novidade: o link para um vídeo convocando para a passeata. Nele, um jovem acorda e fuma um cigarro de maconha antes de ir para a manifestação. Na introdução, um texto explica que se trata de uma obra de ficção e que o consumo da droga durante a passeata não está liberado, já que é uma prática ilegal no país.

No ano passado, o site trazia máscaras de personalidades como a do governador Sérgio Cabral e a do deputado Fernando Gabeira, que poderiam ser impressas e usadas durante a marcha. Este ano, foram disponibilizadas as de Gilberto Gil, Chico Buarque e Bezerra da Silva.

- Com exceção do Bezerra da Silva, que é uma homenagem, a idéia é ironizar pessoas que poderiam apoiar o movimento, mas se escondem - afirmou Renato.

Ainda de acordo com o site da Marcha, os organizadores esperam que, com a nova lei antidrogas ( confira a íntegra da Lei nº 11.343 ), sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em agosto de 2006, que não significa legalização ou descriminalização, o consumidor da cannabis não seja mais levado à delegacia.

"É uma perda de tempo e dinheiro, uma violação das liberdades individuais, além de falta de educação e de civilidade. Quando a população vai acordar para o absurdo da proibição da cannabis?", diz nota no site.

No ano passado, o protesto reuniu mais de 250 pessoas, entre usuários e simpatizantes, em Ipanema. Num protesto considerado bem-humorado, os manifestantes usaram máscaras do governador Sérgio Cabral, do deputado federal Fernando Gabeira e do cantor Marcelo D2.

"É crime fazer apologia da maconha, e não é essa a nossa intenção."


O Globo Online, 16/04/2008.

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