domingo, 6 de abril de 2008

Mais de cem milhões de mulheres são vítimas de mutilações sexuais




"Ela puxa com os dedos, o mais possível, este minúsculo bocado de carne e corta como se trinchasse uma peça de caça, mas não o consegue fazer de uma só vez. Chorei e gritei e ainda tenho nos ouvidos esses gritos." O relato é da senegalesa Khady Koita, autora de A Mutilada, e testemunha o calvário em torno da mutilação genital feminina - excisão parcial do clítoris e sutura do orifício vaginal (infibulação). Flagelo que atinge entre cem e 140 milhões de mulheres, mais de 6,5 milhões das quais em países do Norte, o que é justificado pela imigração. África e Médio Oriente batem recordes.

Esta a principal conclusão a que chegaram Armelle Andro e Marie Lesclingand, do Instituto de Estudos Demográficos francês. Outra conclusão: o principal factor de risco é, como disseram à AFP, a pertença ética, mais do que a religião muçulmana. Ou seja, o animismo, que antecedeu em África, a chegada do monoteísta Islão é mais determinante. Dois exemplos: três quartos das etíopes são excisadas e só um terço da população é muçulmana; no quase 100% muçulmano Níger, há apenas 2%.

A s mutilações praticam-se em pouco tempo - demora mais o espernear desesperado do que o corte propriamente dito, ainda para mais não sendo feito com preocupações sanitárias - , mas tem resultados nefastos para o resto da vida: dores, hemorragias, retenção de urinas, infecções na infância; relações sexuais dolorosas e complicações durante o parto, na idade adulta (ou quando for).


Diário de Notícias.

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