sábado, 12 de abril de 2008

Álcool, noite e violência: trio da pesada

(BR Press*) - Segundo pesquisa publicada na revista científica britânica Addiction e recém-divulgada pelo Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (Cisa, www.cisa.org.br), pessoas que iniciam o uso de bebidas alcoólicas em casa, um pouco antes da balada (comportamento denominado "esquenta", do inglês "warm up"), consomem maior quantidade de álcool e apresentam maior prevalência de problemas do que aquelas que bebem apenas depois de chegar à balada.

Bares e outros estabelecimentos noturnos têm sido os principais alvos das medidas destinadas à redução dos problemas do uso de álcool entre os jovens. Em São Paulo, uma campanha veiculada pela New Ad em banheiros divulga o Movimento Piloto da Vez, liderado por uma marca de uísque. A campanha incentiva que, a cada balada, um amigo assuma a responsabilidade de dirigir com segurança e não beber naquela noite.

Embora importante, a contribuição do "esquenta" (quando os jovens iniciam o uso de álcool dentro de suas casas ou em lojas de conveniência de postos de gasolina, pouco antes de saírem para a "balada") tem sido negligenciada, assim como a livre compra de álcool em supermercados e lojas.

Com base nesse fato, o artigo Alcohol, Nightlife and Violence, que relaciona violência e crimes depois uma noite regada à bebida, teve o propósito de descobrir se os jovens que fazem o "esquenta" bebem mais ou têm mais problemas do que aqueles que não bebem até atingir o local de encontro.

Desse estudo, participaram 380 jovens, de faixa etária entre 18 e 35 anos, entrevistados em 18 bares e estabelecimentos comerciais de Liverpool, na Inglaterra. Mais de 3/4 da amostra (77,4%) relataram beber ao sair para as "baladas", sendo que os homens consomem maior quantidade de álcool que as mulheres. Entre os bebedores, 57,6% iniciam o uso de álcool mesmo antes de sair de casa, ou seja, fazem o "esquenta", consumindo maior quantidade de álcool e tendo mais problemas do que aqueles que não o fazem.

20 doses

De forma geral, quem bebe no esquema de "esquenta" tem 2,5 mais chances de se envolver em brigas e 4 vezes mais chances de consumir quantidade superior de 20 doses alcoólicas. Aliás, conforme os autores, esses bebedores apresentaram maiores prevalências de envolvimento em brigas, de terem sido sexualmente molestados e de terem ficado excessivamente embriagados nos últimos 12 meses.

Conforme os autores, esses achados apontam que a "maneira" com que as pessoas bebem é um importante fator preditor de violência. Possivelmente, quem faz o "esquenta" atinge o estado de intoxicação precocemente, gastando maior período de tempo embriagado, aumentando os riscos de ter problemas.


Yahoo Notícias, 12/04/2008.

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