terça-feira, 22 de abril de 2008

Laudos apontam que Isabella morreria pela asfixia, diz jornal

Os laudos dos exames realizados pelo IML (Instituto Médico Legal) apontam que Isabella Nardoni, 5, teria morrido mesmo sem ter sido atirada pela janela do quarto do prédio em que o pai dela mora, na zona norte de São Paulo. Segundo reportagem do "Jornal Nacional", da Rede Globo, foram três os médicos legistas responsáveis pelo exame no corpo da garota.

Segundo o jornal, se não tivesse sido jogada, a garota teria morrido pela asfixia. Além desse quadro, a garota morreu devido às múltiplas fraturas que sofreu, segundo o laudo que a reportagem afirma ter obtido.

Nenhum dos laudos foi oficialmente divulgado até agora.

Na sexta-feira (18), Alexandre Nardoni, pai de Isabella, e Anna Carolina Trotta Jatobá foram indiciados por homicídio doloso (com intenção) com três agravantes: motivo fútil, meio cruel e impossibilidade de defesa da vítima.

De acordo com a reportagem, Isabella teve o pescoço apertado durante três minutos, parou de respirar e desmaiou. Ainda segundo o "Jornal Nacional", mesmo após a asfixia, a menina poderia ter sido salva caso fossem realizadas medidas como respiração artificial e massagem cardíaca. Como isso não ocorreu, ela ficou sem oxigênio, sua pressão arterial e batimentos cardíacos caíram.

O jornal informa que ela pode ter sofrido uma convulsão e o corte acima do olho esquerdo mede e meio centímetro de comprimento por quatro milímetros de profundidade, que poderiam ter sido provocado por um anel ou uma chave.

Segundo o laudo que a reportagem informou ter obtido, a quantidade de sangue próximo ao sofá aponta que Isabella ficou parada naquele local e o rastro das gotas de sangue, que teria sido mais intenso na entrada do apartamento, diminuiu na entrada do quarto. Antes de ser levada para a janela --de onde foi jogada-- ela estava desmaiada.

O machucado na testa teria ocorrido dez minutos antes dela entrar no apartamento. Ferimentos na boca e corte na língua sugerem uma pressão nos lábios, como se alguém quisesse forçar a ficar quieta. Os médicos legistas, segundo o jornal, não chegaram a uma conclusão se a fratura na bacia de Isabella foi provocada pela queda ou se a garota sofreu uma agressão antes de ser atirada pela janela, a uma altura de 20 metros numa velocidade de 78 km/h antes de atingir o solo.

Corregedoria e Promotoria

Os advogados de defesa do casal entrarão na terça-feira (22) com uma representação na Corregedoria da Polícia Civil contra possíveis irregularidades na condução do inquérito que investiga a morte da menina.

O casal afirma que Isabella foi jogada da janela por uma terceira pessoa --um assaltante ou desafeto--, que entrou no imóvel sem ser vista. A tese é a mesma defendida por seus advogados Marco Polo Levorin, Rogério Neres de Souza e Ricardo Martins.

Para Martins, o inquérito --conduzido pelo 9º Distrito Policial (Carandiru)-- tem uma série de irregularidades. Entre elas, a defesa do casal aponta o fato de, durante os depoimentos ocorridos na sexta-feira (18), ter sido feita a menção do laudo sobre a morte da garota. No entanto, diz Martins, o documento, ainda não foi concluído e não integra o inquérito.

Em entrevista ao "Jornal Nacional", o promotor responsável pelo caso, Francisco Cembranelli, afirmou que as declarações não passam de estratégia da defesa do casal. Segundo Cembranelli, a investigação foi aberta e transparente e a qualidade da investigação é evidente. Ele afirmou que vai aguardar uma posição formal da defesa a respeito do assunto.

Depoimentos

A Polícia Civil espera ouvir amanhã Antonio Nardoni, avô de Isabella, e Cristiane. Ambos deveriam ser ouvidos no último sábado (19), mas os depoimentos foram adiados.

Ontem (20), em entrevista ao "Fantástico", da Rede Globo, Nardoni e Anna negaram envolvimento na morte da menina. Foi a primeira entrevista concedida pelos dois desde que foram apontados pela polícia como suspeitos do crime.

Segundo o advogado, a entrevista foi concedida para mostrar ao público a "verdadeira face do casal". Nardoni e Anna tiveram o depoimento de sexta-feira marcado pela hostilização do público. Uma multidão compareceu à rua da delegacia com cartazes para manifestar a indignação pela morte da menina.

"[A entrevista] foi para demonstrar as pessoas deles, a união, a harmonia da família. Não podemos julgar pessoas sem antes termos provas", disse o advogado.


Folha de São Paulo, 22/04/2008.

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