Os laudos dos exames realizados pelo IML (Instituto Médico Legal) apontam que Isabella Nardoni, 5, teria morrido mesmo sem ter sido atirada pela janela do quarto do prédio em que o pai dela mora, na zona norte de São Paulo. Segundo reportagem do "Jornal Nacional", da Rede Globo, foram três os médicos legistas responsáveis pelo exame no corpo da garota.
Segundo o jornal, se não tivesse sido jogada, a garota teria morrido pela asfixia. Além desse quadro, a garota morreu devido às múltiplas fraturas que sofreu, segundo o laudo que a reportagem afirma ter obtido.
Nenhum dos laudos foi oficialmente divulgado até agora.
Na sexta-feira (18), Alexandre Nardoni, pai de Isabella, e Anna Carolina Trotta Jatobá foram indiciados por homicídio doloso (com intenção) com três agravantes: motivo fútil, meio cruel e impossibilidade de defesa da vítima.
De acordo com a reportagem, Isabella teve o pescoço apertado durante três minutos, parou de respirar e desmaiou. Ainda segundo o "Jornal Nacional", mesmo após a asfixia, a menina poderia ter sido salva caso fossem realizadas medidas como respiração artificial e massagem cardíaca. Como isso não ocorreu, ela ficou sem oxigênio, sua pressão arterial e batimentos cardíacos caíram.
O jornal informa que ela pode ter sofrido uma convulsão e o corte acima do olho esquerdo mede e meio centímetro de comprimento por quatro milímetros de profundidade, que poderiam ter sido provocado por um anel ou uma chave.
Segundo o laudo que a reportagem informou ter obtido, a quantidade de sangue próximo ao sofá aponta que Isabella ficou parada naquele local e o rastro das gotas de sangue, que teria sido mais intenso na entrada do apartamento, diminuiu na entrada do quarto. Antes de ser levada para a janela --de onde foi jogada-- ela estava desmaiada.
O machucado na testa teria ocorrido dez minutos antes dela entrar no apartamento. Ferimentos na boca e corte na língua sugerem uma pressão nos lábios, como se alguém quisesse forçar a ficar quieta. Os médicos legistas, segundo o jornal, não chegaram a uma conclusão se a fratura na bacia de Isabella foi provocada pela queda ou se a garota sofreu uma agressão antes de ser atirada pela janela, a uma altura de 20 metros numa velocidade de 78 km/h antes de atingir o solo.
Corregedoria e Promotoria
Os advogados de defesa do casal entrarão na terça-feira (22) com uma representação na Corregedoria da Polícia Civil contra possíveis irregularidades na condução do inquérito que investiga a morte da menina.
O casal afirma que Isabella foi jogada da janela por uma terceira pessoa --um assaltante ou desafeto--, que entrou no imóvel sem ser vista. A tese é a mesma defendida por seus advogados Marco Polo Levorin, Rogério Neres de Souza e Ricardo Martins.
Para Martins, o inquérito --conduzido pelo 9º Distrito Policial (Carandiru)-- tem uma série de irregularidades. Entre elas, a defesa do casal aponta o fato de, durante os depoimentos ocorridos na sexta-feira (18), ter sido feita a menção do laudo sobre a morte da garota. No entanto, diz Martins, o documento, ainda não foi concluído e não integra o inquérito.
Em entrevista ao "Jornal Nacional", o promotor responsável pelo caso, Francisco Cembranelli, afirmou que as declarações não passam de estratégia da defesa do casal. Segundo Cembranelli, a investigação foi aberta e transparente e a qualidade da investigação é evidente. Ele afirmou que vai aguardar uma posição formal da defesa a respeito do assunto.
Depoimentos
A Polícia Civil espera ouvir amanhã Antonio Nardoni, avô de Isabella, e Cristiane. Ambos deveriam ser ouvidos no último sábado (19), mas os depoimentos foram adiados.
Ontem (20), em entrevista ao "Fantástico", da Rede Globo, Nardoni e Anna negaram envolvimento na morte da menina. Foi a primeira entrevista concedida pelos dois desde que foram apontados pela polícia como suspeitos do crime.
Segundo o advogado, a entrevista foi concedida para mostrar ao público a "verdadeira face do casal". Nardoni e Anna tiveram o depoimento de sexta-feira marcado pela hostilização do público. Uma multidão compareceu à rua da delegacia com cartazes para manifestar a indignação pela morte da menina.
"[A entrevista] foi para demonstrar as pessoas deles, a união, a harmonia da família. Não podemos julgar pessoas sem antes termos provas", disse o advogado.
Folha de São Paulo, 22/04/2008.
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