sexta-feira, 25 de abril de 2008

L. afirma que tortura começou após ''adoção''

Menina chora em depoimento e diz que era obrigada a comer fezes.

A empresária Silvia Calabresi iniciou as sessões de tortura na menor L., de 12 anos, exatos três meses após receber a menina em sua casa como "filha adotiva". A revelação foi feita ontem durante depoimento de L. ao juiz José Carlos Duarte, da 7ª Vara Criminal de Goiânia, onde o caso está sendo julgado.

"Eu rezava todos os dias, pedindo a Deus para me livrar daquilo", afirmou a menina durante audiência que foi acompanhada por sua mãe biológica, Joana D?Arc da Silva, que está sendo acusada de ter entregue a menor à mediante pagamento.

L.. vítima de tortura, maus-tratos e cárcere privado, foi libertada no dia 17 de março durante invasão, pela Polícia Civil, ao apartamento da empresária. No depoimento de ontem, a menina revelou também que as agressões antecederam a chegada da doméstica Vanice Maria Novaes contratada para trabalhar na casa da empresária. Porém, em vez de se tornar testemunha dos maus-tratos, Vanice passou a vigiar os passos da menor. "Ela tinha de contar o que eu fazia, se trabalhava e cumpria as tarefas", disse L.. "Mas a tia Silvia ligava pra casa e perguntava se me deixava de castigo ou não; ela (Silvia) era quem mandava", disse. "A Vanice fofocava tudo", disse a menor. "Mas era a tia Silvia quem mandava me acorrentar ".

L. disse que chegou a passar quatro dias sem comer. Por ter clamado por comida, Silvia a obrigou a comer as fezes e a urina do cachorro. Também a obrigou a limpar a varanda do apartamento com a língua. "Era tudo de uma vez: uma ?alicatada? na língua, vassourada na cabeça, comer fezes, ficar sem comida e depois ser acorrentada por horas", relatou.

A empresária, principal acusada de tortura, pediu autorização ao juiz para não comparecer à audiência de|L..


Estadão, 24/04/2008.

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