quinta-feira, 17 de abril de 2008

Gênio alemão foi reprovado no vestibular e enfrentou desemprego

A primeira impressão que Albert causou em sua mãe, Pauline Koch Einstein (1858-1920), foi espanto. Ela achou que tivesse dado à luz uma criança deformada. Porém, a cabeça pontiaguda do recém-nascido voltaria ao normal pouco depois daquela sexta-feira, 14 de março de 1879, 11h30 da manhã, no endereço Bahnhofstrasse 135, em Ülm, sul da Alemanha.

O pequeno Einstein era rechonchudo, tímido e gostava de brincar sozinho (sua diversão predileta era fazer castelos de cartas). Quando participava de jogos, gostava de ser o juiz. Tinha acessos de raiva violentos. Num deles, abriu a cabeça da irmã, Maja (1881-1951), com uma bola de boliche.

Por volta dos seis anos, começou a ter aulas de judaísmo. Nessa época, entrou para uma escola pública e católica de Munique, para onde a família se mudou em 1880. Era o único judeu da classe. Foi um excelente aluno. Em agosto de 1886, Pauline escreveu para a mãe: "[Albert] foi novamente o melhor; o boletim é brilhante".

Os problemas escolares de Einstein começaram no Ginásio Luitpold. O autoritarismo de alguns professores o desagradava muito. A pedagogia militarista alemã, porém, não conseguiu destruir seu interesse pelos estudos. Por volta dos dez anos, começou a ler sobre física, matemática e filosofia. Mais tarde, passou a estudar sozinho matemática avançada.

Em 1894, a família se mudou para a Itália, depois de os negócios de seu pai, Hermann (1847-1902), falirem em Munique. Einstein ficou na cidade morando numa pensão. Passou, então, a articular um plano. Conseguiu dispensa da escola com um atestado médico que alegava estafa mental (sim, Einstein mentiu) e uma carta de recomendação do professor de matemática. Largou o Luitpold e foi para Pavia (Itália), onde passeou pelos museus e aprendeu um pouco de italiano.

Depois dessas "férias" prolongadas, decidiu entrar para a universidade. Conseguiu convencer um diretor da Escola Politécnica de Zurique (Suíça) de que tinha condições de prestar o exame de ingresso. Foi reprovado. Principalmente, nas disciplinas de humanas. Porém, duas justificativas a seu favor: ele era dois anos mais novo que a idade regulamentar para o exame e sua matemática e sua física impressionaram a banca examinadora.

Albert matriculou-se, ainda em 1895, na escola de Aarau, no cantão de Argóvia. Um ano depois, formou-se (em primeiro lugar de sua turma) e seguiu para a Politécnica. Nessa época, tomou uma decisão madura: renunciou à cidadania de seu Estado natal, Württemberg, e, conseqüentemente, à alemã, argumentando discordar da mentalidade militarista germânica.

Até o segundo ano do curso de formação de professores do ensino médio de matemática e física, Einstein foi excelente aluno. A partir daí, passou a matar aulas para estudar tópicos de seu interesse. Leu os clássicos da física e até Darwin. Mas, com isso, só passou nos exames finais porque estudou com as anotações de aula de um colega e de Mileva Maric, sua futura mulher.

Em 1900, Einstein estava formado. Desempregado. Sem a mesada familiar. E sem cidadania. Para sobreviver, deu aulas particulares e em escolas secundárias. Em 1902, conseguiu, por indicação do pai de um colega, um emprego como técnico de 3ª classe no Escritório de Patentes em Berna (Suíça), onde permaneceria por sete anos. Em 1905, produziu uma tese de doutorado e cinco artigos que mudariam a face da física.



Folha de São Paulo, 17/04/2008.

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