quarta-feira, 9 de abril de 2008

Escolas no mapa das drogas

Além do desempenho escolar, pais de alunos têm um motivo a mais para abrir o olho com os filhos.

Isso ficou claro com os resultados de uma ação realizada pela Polícia Civil, divulgados ontem, que põem em evidência o avanço avassalador do crack.

Omapeamento do tráfico de drogas no entorno de escolas de Porto Alegre e da Região Metropolitana deixa em alerta não só os responsáveis pelas crianças e pelos adolescentes, mas toda a comunidade escolar e a segurança pública.

Denominada Operação Escola, o trabalho se iniciou no fim de março. Durante 10 dias, agentes das quatro delegacias do Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico (Denarc) monitoraram e prenderam 28 traficantes. Desses, conforme o diretor do Denarc, Álvaro Steigleder, quatro tinham antecedentes criminais por tráfico de drogas.

O flagrante atingiu desde o entorno de escolas de classe média alta, caso do Colégio Marista Rosário, até camadas mais populares, como a Escola Estadual Afonso Guerreiro Lima, no Vila Cruzeiro. Indicativo de que o consumo e o tráfico de entorpecentes estão disseminados em todas as classes sociais. Na avaliação do delegado, os locais monitorados apresentam grande fluxo de pessoas, o que facilita a circulação de traficantes.

- E as próprias escolas acabam sendo atrativas aos criminosos, pela facilidade de abordagem e convencimento dos alunos - ressalta.

A operação serviu também para constatar que a idade em que os jovens ingressam no mundo da droga vem diminuindo. Atualmente, a partir dos 10 anos, eles já estão experimentando maconha, cocaína ou até crack. E muitos passam pela primeira experiência por meio de amigos.

- Estamos verificando a existência do aluno traficante. Um deles é encarregado de comprar uma quantidade maior da droga, e acaba repassando para os demais amigos. Grande parte deles acaba experimentando a droga não pela mão dos traficantes, mas pela dos colegas - afirma.

Crack avança sobre jovens de classe média

Outro aviso lançado pela operação foi o aumento do consumo de crack. Além dessa tendência, que já vem sendo notada nas ações realizadas pela polícia, tendo em vista o crescimento de 439% nas apreensões de crack nos três primeiros meses de 2008 em relação ao primeiro trimestre de 2007 no Rio Grande do Sul, é observado um avanço sobre jovens de classe média, que antes preferiam drogas mais leves, como maconha.

- Isso é uma tendência geral. Não é mera coincidência que a quantidade de crack apreendida com esses traficantes seja bem maior do que a de maconha e cocaína. O crack também está presente nos alunos de escolas mais abastadas - assegura.

Conforme Steigleder, a ação foi desencadeada depois de informações anônimas e investigação dos agentes. Ele afirma que locais crônicos de consumo de drogas nas proximidades das escolas continuarão sendo monitorados pela polícia.


Zero Hora, 09/04/2008

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