sábado, 5 de abril de 2008

ES: Mulher recebe indenização por útero retirado por engano

VITÓRIA - Dois anos após ter o útero retirado por engano durante uma cirurgia de fístula anal (hemorróida), a vendedora Maria Helena Zibell, de 31 anos, que mora no município de Santa Maria de Jetibá, interior do Espírito Santo, ganhou na Justiça o direito de receber uma indenização de R$ 622,50 mensais pelos próximos 15 anos.

A quantia será paga pelo médico ginecologista Lourival Berger e pelo Hospital Concórdia de Santa Maria. Cada um vai arcar com 50% da quantia. Um dia após ter saído a sentença, no dia 11 de março, tanto o hospital quanto o médico chegaram a oferecer à vendedora um tratamento de inseminação artificial, com a célula-ovo (zigoto) sendo gerada em uma outra mulher. Maria Helena não aceitou a proposta.

Um processo criminal contra o médico e o hospital ainda tramita no Cartório de 2º ofício de Santa Maria. O valor da indenização foi estabelecido em um acordo perante o juiz responsável pelo caso, Romilton Alves Vieira Junior. Durante os 15 anos, o advogado de Maria Helena receberá mensalmente R$ 124,50, referente a 20% do valor total.

O ginecologista atribuiu a culpa do erro médico a uma enfermeira que, segundo ele, colocou na ficha da paciente uma cirurgia de histerectomia (retirada do útero) em vez de fistulectomia (retirada da fístula anal). De acordo com o médico, a enfermeira continua atuando na unidade.

A administradora do Hospital Concórdia, Luciana Fioroti, confirmou que a enfermeira e todos os profissionais envolvidos no procedimento médico que acabou retirando por engano o útero de Maria Helena continuam atuando no hospital. Ela ainda informou que a primeira parcela referente à indenização será paga no próximo dia 10.

O sonho da vendedora era ter um filho com o atual marido. Ela já tem um menino, de oito anos, fruto de um relacionamento anterior. Futuramente, segundo ela, eles pensam em adotar uma criança.

- Eu não quero ter meu filho gerado por outra pessoa. Até porque passo por tantos outros problemas de saúde, inclusive uma depressão muito forte por causa do problema, que não teria condições de criar uma criança. Minha vida mudou completamente depois que fizeram isso comigo. Hoje sou uma pessoa triste que vive diariamente com dores - afirma a vendedora.

Maria Helena trabalhava como lavradora na propriedade rural onde mora. A primeira causa que ela ganhou na Justiça foi o direito de deixar o emprego. Hoje ela trabalha em uma loja de roupas no centro da cidade.
Suspeito de retirar útero sem autorização é indiciado em Goiás

Caso semelhante aconteceu em Aparecida de Goiânia, em Goiás, segundo o site G1. Um médico suspeito de ter retirado o útero de uma cozinheira em fevereiro foi indiciado por lesão corporal culposa (sem intenção). Segundo a delegada Cybelle Silva Tristão, o inquérito deve ser encaminhado nesta sexta-feira ao Poder Judiciário.

Dorcelina Ferreira da Paixão Justo, de 48 anos, afirma que foi internada para realizar cirurgia de períneo (que é feita na região íntima feminina) e percebeu o erro médico na sala de operações.


Fonte: O Globo Online, 05/04/2008.

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