sexta-feira, 11 de abril de 2008

ES: maioria dos adolescentes internados é pobre e negra

Levantamento com jovens em conflito com a lei também revela que, apesar da Justiça ter cinco alternativas, a medida de privação de liberdade ainda é muito usada.



Pesquisa realizada por professores da Faculdade de Direito de Vitória (FDV) mostra perfil dos adolescentes em conflito com a lei da Unidade de Integração Social (Unis), em Cariacica (ES): eles são pobres, negros e têm baixa escolaridade. Segundo o professor Humberto Ribeiro Júnior, o levantamento – feito em 2003 com 43 jovens – comprova que a maioria faz parte de classes menos privilegiadas da população. Alguns eram analfabetos, 42% haviam sido reprovados na escola pelo menos três vezes. Metade só havia estudado até a 5ª série, 80% já haviam parado de estudar, e todos os que estudaram havia freqüentado escolas públicas. Naquele ano 65% dos internos eram pretos ou pardos. “É a criminalização da miséria. Normalmente, os jovens de classe média e alta escapam de qualquer tipo de penalização. O crime não escolhe cor nem classe social, mas quando o jovem infrator tem melhores condições financeiras o fato é tratado de maneira diferente”, ressalta. O estudo também revela que, apesar da Justiça ter cinco medidas socioeducativas como opção, a internação ainda é muito usada. Cerca de 40% dos adolescentes em conflito com a lei nunca tinham recebido outra medida além da privação de liberdade. Dos 60% que afirmaram ter sido encaminhado para outras medidas antes (muitos estavam internados pela segunda, terceira vez), 46% disseram que não as cumpriram porque não havia acompanhamento. A pesquisa foi transformada no livro O Adolescente, a Lei e o Ato Infracional, lançado semana passada.



[A Gazeta (ES), Daniela Carla – 11/04/2008]

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