terça-feira, 22 de abril de 2008

ENTREVISTA - Terezinha Pereira “Existe discriminação sim!”

É com essa afirmação que Terezinha Pereira, secretária da Mulher de Maringá (Se- Mulher) começa a entrevista concedida ao jornal “Hoje Notícias”. Nascida em Santa Isabel do Ivaí (distante164 km) em 22 de julho de 1961, Terezinha Pereira começou sua trajetória política na prefeitura de Umuarama (distante 156 km) atuando na chefia de ação social da Secretaria de Assitência Social daquela cidade.

Mas foi em Maringá - onde chegou pela primeira vez em 1964 - que começou a destacar- se no enfrentamento à violência contra a mulher, quando assumiu a recém-criada Secretaria Municipal da Mulher, em 2005. Desafios na vida não lhe faltaram, até por isso, o fato de não ter feito parte do Movimento Feminista não a intimidou.

Ainda existe discriminação contra as mulheres? A mulher hoje tem, realmente, direitos iguais aos dos homens?


Existe discriminação sim. E a maior prova disso é a atuação dos movimentos organizados de mulheres engajados no enfretamento da discriminação e a própria criação de espaços institucionais que atuem na defesa dos direitos das mulheres, na busca dessa igualdade entre os sexos. Só a luta onde existe desigualdade.

Na sua opinião, as mulheres têm consciência da importância dessa luta pela igualdade de gênero?


Infelizmente ainda não.

Tanto que trabalhamos com dois eixos. A luta pela igualdade de gênero, e a desconstrução de conceitos, porque essa consciência é adquirida. Através dessa consciência de identidade se tem a mudança de comportamento, de mentalidade.

Nesse contexto, qual a importância de uma secretaria voltada ao atendimento exclusivo para mulheres?


Quando você tem uma população formada por mais de 52% de mulheres, tem que ter do poder público um olhar diferenciado na implantação das políticas públicas, que respeitem as especificidades das mulheres.

Esse é o nosso papel: trabalhar a transversalidade dessas políticas para que haja respeito à cidadã. Além disso, o enfrentamento à violência contra a mulher, o acolhimento dessa mulher vitimizada, o abrigamento e o acompanhamento até que ela consiga reestruturar- se.

Muito se fala da Lei Maria da Penha, mas o que mudou realmente? O número de denúncias de agressões aumentou?


Mudou-se uma legislação que não punia o agressor.

A impunidade era o fator que não gerava a denúncia.

Hoje temos uma legislação mais rigorosa, que além de prender, pune o agressor.

Isso, aliado aos orgãos da administração pública que acolhem e amparam essa mulher vitimizada, acabou por gerar um aumento significativo nos números de denúncia, conseqüentemente aumentou o número de atendimento no Centro de Referência.

E qual o principal desafio das mulheres hoje?

Vejo como principal desafio as mulheres nos espaços de poder. Temos discurso, atuação, competência, somos maioria nos bancos escolares, trabalhadoras, chefes de família, empreendedoras, estamos ocupando postos de trabalho historicamente ocupados pelos homens, mas somos minorias nas instâncias de poder. Esse é um quadro que precisamos reverter, principalmente nos cargos eletivos.

E como você vê a representação das mulheres na política nacional?


Vejo com frustração a nossa representatividade numérica, mas com muito orgulho a qualidade dessa representatividade.

São mulheres comprometidas em tornar esse um país de iguais

Nos Estados Unidos, a democrata Hillary Clinton com chances reais de se tornar a primeira mulher presidente daquele país.

Você acredita que, num futuro próximo, isso possa ocorrer no Brasil? Acredito e consigo vislumbrar isso. O Brasil, infelizmente, ocupa uma posição mundial desfavorável na representatividade numérica de mulheres na política, mas avança de forma muito consistente para uma candidatura feminina à presidência, com chances reais de alcançar.

Qual sua opinião a respeito do Movimento Feminista? Você se considera uma feminista?


Tenho respeito pelo Movimento Feminista porque foi atráves desse movimento, dessa atuação, dessa sua luta por igualdade de direitos, que nós alcançamos grandes conquistas. Tenho uma visão diferenciada em algumas questões esepecificas defendidas pelas feministas, mas considero legítima a luta.

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