Oito em cada dez pessoas assassinadas em Curitiba de 1º de janeiro até 22 de março de 2008 apresentaram algum envolvimento com o crime. O levantamento feito pela Delegacia de Homicídios, com base em cem boletins de ocorrência, foi divulgado nesta sexta-feira (11) pela Secretaria da Segurança Pública do Paraná (Sesp).
A pesquisa mostrou que em 2007 foram registrados 2.626 assassinatos, sendo 589 em Curitiba, 567 na região metropolitana da capital, 266 casos em Foz do Iguaçu e 83 em Londrina. Mas na relação crime por habitante, a cidade de Foz aparece como o município mais violento do estado.
Dentro do período em que a pesquisa foi realizada foram registrados 173 boletins, mas 73 não puderam ser utilizados porque não existiam informações suficientes para traçar os perfis da vítima e do autor. "Pegamos somente aqueles cidadãos que podíamos incluir com certeza nos grupos", explicou o delegado Jaime da Luz, titular da delegacia.
Latrocínio
"Geralmente quando morre um cidadão de bem em Curitiba ele é vítima de um latrocínio (roubo com morte), como foi o lamentável caso da pró-reitora da UFPR. Latrocínios em Curitiba no ano passado, por exemplo, tivemos 19, média de um a cada 20 dias, num universo de mais de 580 assassinatos", exemplificou o secretário Luiz Fernando Delazari.
O estudo mostra ainda que mais da metade das vítimas de homicídios (57%) registrados em Curitiba em 2008 tem envolvimento com drogas: 36% das vítimas eram usuárias de drogas, 11% eram traficantes e 10% morreram por causa de dívidas de drogas. Dos traficantes assassinados, 80% já possuíam antecedentes criminais, 18% das vítimas já tinham antecedentes criminais e 5% estavam envolvidas em dívidas ou negócios ilícitos diversos. Já o perfil dos autores revela que 56% eram traficantes, 38% já tinham antecedentes criminais e 6% eram alcoólatras.
Droga está por trás da maioria dos crimes
Grande parte dos crimes contra a vida e contra o patrimônio – principalmente homicídio, furto e roubo – tem como motivação a droga. Cerca de 70% dos crimes que são registrados tem a droga como pano de fundo, revela o coordenador do Núcleo de Repressão ao Tráfico de Drogas, delegado Sérgio Inácio Sirino. "A droga mais usada hoje é o crack. Só que o usuário geralmente não tem renda. Para manter o vício comete furtos ou roubos", disse o delegado.
De acordo com Delazari, só em 2007 foram apreendidos pelos policiais 48 quilos de crack, nove toneladas de maconha, 12 quilos de cocaína e 15 quilos de haxixe - 176 pessoas foram presas pelo Núcleo de Repressão ao Tráfico de Drogas da Divisão de Narcóticos da Polícia Civil do Paraná.
Dados da criminalidade terão divulgação trimestral
A Secretaria da Segurança Pública do Paraná se comprometeu nesta sexta-feira (11) a divulgar os dados da criminalidade no estado a cada três meses.
Os dados são obtidos a partir do Boletim de Ocorrência Unificado, que reúne informações de crimes registrados pelas polícias Civil e Militar no Paraná.
A intenção, diz a secretaria, é ampliar a transparência sobre os números da criminalidade no Paraná.
Gazeta do Povo, 12/04/2008.
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