sábado, 12 de abril de 2008

Em 80% dos casos de assassinatos em Curitiba, vítima estava envolvida com crime

Oito em cada dez pessoas assassinadas em Curitiba de 1º de janeiro até 22 de março de 2008 apresentaram algum envolvimento com o crime. O levantamento feito pela Delegacia de Homicídios, com base em cem boletins de ocorrência, foi divulgado nesta sexta-feira (11) pela Secretaria da Segurança Pública do Paraná (Sesp).

A pesquisa mostrou que em 2007 foram registrados 2.626 assassinatos, sendo 589 em Curitiba, 567 na região metropolitana da capital, 266 casos em Foz do Iguaçu e 83 em Londrina. Mas na relação crime por habitante, a cidade de Foz aparece como o município mais violento do estado.

Dentro do período em que a pesquisa foi realizada foram registrados 173 boletins, mas 73 não puderam ser utilizados porque não existiam informações suficientes para traçar os perfis da vítima e do autor. "Pegamos somente aqueles cidadãos que podíamos incluir com certeza nos grupos", explicou o delegado Jaime da Luz, titular da delegacia.

Latrocínio

"Geralmente quando morre um cidadão de bem em Curitiba ele é vítima de um latrocínio (roubo com morte), como foi o lamentável caso da pró-reitora da UFPR. Latrocínios em Curitiba no ano passado, por exemplo, tivemos 19, média de um a cada 20 dias, num universo de mais de 580 assassinatos", exemplificou o secretário Luiz Fernando Delazari.

O estudo mostra ainda que mais da metade das vítimas de homicídios (57%) registrados em Curitiba em 2008 tem envolvimento com drogas: 36% das vítimas eram usuárias de drogas, 11% eram traficantes e 10% morreram por causa de dívidas de drogas. Dos traficantes assassinados, 80% já possuíam antecedentes criminais, 18% das vítimas já tinham antecedentes criminais e 5% estavam envolvidas em dívidas ou negócios ilícitos diversos. Já o perfil dos autores revela que 56% eram traficantes, 38% já tinham antecedentes criminais e 6% eram alcoólatras.

Droga está por trás da maioria dos crimes

Grande parte dos crimes contra a vida e contra o patrimônio – principalmente homicídio, furto e roubo – tem como motivação a droga. Cerca de 70% dos crimes que são registrados tem a droga como pano de fundo, revela o coordenador do Núcleo de Repressão ao Tráfico de Drogas, delegado Sérgio Inácio Sirino. "A droga mais usada hoje é o crack. Só que o usuário geralmente não tem renda. Para manter o vício comete furtos ou roubos", disse o delegado.

De acordo com Delazari, só em 2007 foram apreendidos pelos policiais 48 quilos de crack, nove toneladas de maconha, 12 quilos de cocaína e 15 quilos de haxixe - 176 pessoas foram presas pelo Núcleo de Repressão ao Tráfico de Drogas da Divisão de Narcóticos da Polícia Civil do Paraná.


Dados da criminalidade terão divulgação trimestral

A Secretaria da Segurança Pública do Paraná se comprometeu nesta sexta-feira (11) a divulgar os dados da criminalidade no estado a cada três meses.

Os dados são obtidos a partir do Boletim de Ocorrência Unificado, que reúne informações de crimes registrados pelas polícias Civil e Militar no Paraná.

A intenção, diz a secretaria, é ampliar a transparência sobre os números da criminalidade no Paraná.



Gazeta do Povo, 12/04/2008.

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