quarta-feira, 16 de abril de 2008

Deputados reclamam da estatística do crime

Divulgação dos dados da violência no Paraná foi considerada incompleta por parlamentares. Secretário Delazari depõe amanhã na Assembléia.

Deputados da Comissão de Segurança da Assembléia Legislativa vão reivindicar ao secretário estadual de Segurança Pública, Luiz Fernando Delazari, a divulgação mais detalhada dos crimes registrados no Paraná. A primeira estatística oficial apresentada na última sexta-feira pelo governo, no lançamento do Boletim de Ocorrência Unificado das polícias Civil e Militar, foi considerada incompleta pelos parlamentares. Delazari vai participar de uma sabatina amanhã, às 10 horas, na sala da presidência da Assembléia.

A principal crítica ao boletim apresentado pelo governo é que as ocorrências foram divididas em categorias muito amplas de crimes: contra a pessoa, contra o patrimônio, contra os costumes e contra a administração pública. Para o presidente da Comissão de Segurança Pública da Assembléia, deputado Mauro Moraes (PMDB), a forma de separação dos crimes é genérica demais. “Queremos saber, por exemplo, quantos veículos foram furtados, quantas casas roubadas, quantos policiais morreram ou estão sendo investigados por sindicâncias internas”, disse. “Não adianta falar em crime contra patrimônio ou contra a vida.”

A divulgação trimestral também foi questionada. Segundo Mauro Moraes, o ideal é que os dados sejam apresentados publicamente todo mês. “Ainda mais que agora está tudo unificado através dos boletins de ocorrência. A secretaria têm condições de divulgar diariamente, se quiser.”

A Comissão de Segurança fez ontem uma pré-reunião para discutir outras perguntas que serão feitas a Delazari amanhã na audiência pública. Os deputados pretendem insistir para que o secretário responda aos pedidos de informações enviados pela Assembléia. “Os ofícios são ignorados. Ele tem de responder a realidade, sem omitir ou manipular dados”, disse Mauro Moraes, que é do mesmo partido do governador Roberto Requião.

A assessoria de imprensa da secretaria de Segurança informou ontem que o governo está aberto a sugestões se houver necessidade de divulgação mais específica dos dados. Na primeira divulgação feita na semana passada, o governo abriu a possibilidade de especificar o número de homicídios dolosos, homicídios culposos no trânsito, furto, roubo, roubo e recuperação de veículos.

Se por um lado há a disponibilidade da secretaria em tornar mais completa a divulgação, outra exigência da comissão de segurança, que a divulgação dos bairros mais violentos de Curitiba, não deve ser atendida. A explicação do governo é que se a relação dos bairros tornar-se pública pode atrapalhar o trabalho da polícia.

Sobre a divulgação trimestral dos indicadores de violência, a assessoria de Delazari informou que essa não é uma escolha do secretário, mas uma determinação dos profissionais de planejamento estratégico, para fornecer dados mais precisos.

Nos dados divulgados na semana passada, o governo informou que 80% das vítimas de homicídio estavam envolvidas com o crime. O levantamento foi feito com 100 boletins de ocorrência registrados no período de 1º de janeiro a 22 de março de 2008. No ano passado, em Curitiba, foram assassinadas 589 pessoas.


Gazeta do Povo, 16/04/2008.

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