quinta-feira, 17 de abril de 2008

Delazari atribui violência no Paraná ao tráfico de drogas

Em reunião fechada, mas sem nenhuma informação diferente da que já havia sido disponibilizada à imprensa na semana passada, o secretário estadual de Segurança Pública, Luiz Fernando Delazari voltou a atribuir às drogas a causa de grande parte dos crimes contra a vida ocorridos no estado, principalmente na Região Metropolitana de Curitiba. Ele apresentou aos deputados estaduais da Comissão de Segurança da Assembléia Legislativa os números da criminalidade e as medidas tomadas pelo governo para controlar esse número.

Ao contrário do que havia sido programado, a reunião não foi dividida em duas partes (uma fechada, para a informação de dados sigilosos, e outra aberta). O encontro foi totalmente fechado e a imprensa não teve acesso ao local durante todo o trabalho. Delazari ficou à disposição dos deputados por quase três horas e, só após seu término, concedeu rápida entrevista as repórteres que ficaram de plantão na ante-sala do gabinete da presidência da casa.

Para Delazari, o encontro com os deputados foi produtivo e considerado uma reunião de trabalho. “Valeu a pena vir. Foi o primeiro convite em cinco anos e meio de secretaria. Foi uma reunião técnica, de alto nível”, comentou.

O secretário apresentou dados, investimentos e a situação da segurança no Estado. As informações sobre a quantidade de crimes cometidos no Paraná foram as mesmas divulgadas na semana passada para a imprensa. “Falamos de questões técnicas, combate ao tráfico de drogas, esclarecemos números. Mostrei os investimentos na compra de viaturas, pistolas, de coletes”, relatou.

Para ilustrar a atenção que o governo está dando para a questão, Delazari lembrou que o orçamento de sua Secretaria neste ano (R$ 1,2 bilhão) é o dobro dos R$ 623 milhões gastos na área em 2003 (valor definido pelo governo Lerner, em 2002).

Delazari alegou que sua Secretaria só divulgou os primeiros dados estatísticos sobre a criminalidade neste ano porque “só agora temos um sistema confiável”. Mesmo assim, ele admitiu que não há como evitar distorções, “devido a subnotificações, crimes não registrados, inquéritos que levam a novas conclusões e decisões judiciais”.

O secretário não acredita em uma explosão de criminalidade no Paraná. Ele citou como exemplo os números de homicídios em Curitiba, de 540 casos no ano. “A média é a mesma nos últimos 12 anos, a não ser em um pico que houve em 2000. Não houve aumento. Isto é um comportamento da sociedade. Agora, se a média é alta ou não, esta é uma outra discussão. Não existe explosão da criminalidade”, disse.

Sobre uma parceria na área com a Prefeitura de Curitiba, Delazari foi enfático: “Sou secretário há cinco anos e meio e não é nas vésperas de eleição que a prefeitura deveria procurar para fazer parcerias. Isto é politicagem e eu não entro nisso”.

O presidente da Comissão de Segurança, deputado Nereu Moura (PMDB), ficou satisfeito com as explanações de Delazari. “O mais alarmante foi a afirmação de que 80% dos crimes estão ligados às drogas. A partir desta reunião, iniciaremos uma cruzada contra o crime. Agora que temos os índices, poderemos estudá-los e cobrar do governo a redução”, afirmou. O deputado revelou que pretende realizar, no próximo mês, um simpósio com a presença de Delazari, do ministro da Justiça, Tarso Genro, e de autoridades italianas responsáveis pela “Operação Mãos Limpas” que reduziu o crime no país europeu.

Nereu Moura disse não ter sido sua a iniciativa de fechar a reunião. “Foi determinação da presidência da Casa. Apesar de querermos uma reunião aberta, optou-se por transformá-la numa reunião de trabalho. E acredito que foi a decisão correta, pois teve um saldo positivo. Se fosse aberta, demoraria mais e não teríamos tantos resultados”, disse, garantindo que repassará qualquer nova informação. “O secretário comprometeu-se a responder todos os nossos ofícios com eventuais dúvidas e todos terão acessos a essa resposta. Ninguém vai ficar sem informação só porque a reunião não foi aberta”, prometeu.


O Estado do Paranpa, 17/04/2008.

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