quarta-feira, 9 de abril de 2008

Aluno de 17 anos inicia mestrado em matemática

O catarinense Aldo Vieira Pinto, de 17 anos, é o novo integrante do curso de mestrado de Matemática, na pós-graduação da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), interior de São Paulo. Nascido em Lages (SC), ele terminou os ensinos fundamental e médio em oito anos (e não em 11) e diminuiu de quatro para três anos a graduação de Matemática, antecipando várias disciplinas. Ingressou na universidade com 14 anos e formou-se aos 17. Apesar de ter cursado licenciatura, ele está otimista e acredita que irá superar as dificuldades da pós-graduação em pouco tempo. "Terei alguma dificuldade no começo, pois tem disciplinas que ainda não vi, além do relacionamento com a turma", diz o adolescente. "A pós é matemática pura, mais científica, não voltada à educação, como foi a minha licenciatura."

O pai de Aldo é barbeiro, separado da mãe, uma auxiliar de cozinha, e o irmão é mais novo. Apesar da dificuldade financeira, a família lhe deu apoio. "Sem o apoio da família e dos professores da Universidade do Planalto Catarinense (Uniplac) talvez eu não tivesse chegado aqui", diz.

Com o novo desafio em sua vida, aos 17 anos ele está longe dos parentes, morando numa quitinete perto da UFSCar, com outros mestrandos mais velhos, acima dos 23 anos. Ele fez o curso de verão em janeiro, em fevereiro foi aprovado na UFSCar e, desde março, acompanha as aulas. No mês passado, ficou uma semana em Lages para a colação de grau da graduação. "Sempre fui apegado à família, mas estou me adaptando à nova realidade", conta Aldo.

Tudo aconteceu rapidamente na vida de Aldo. Na primeira série, alfabetizado em meio ano, psicopedagogos da escola fizeram testes e já o avançaram à segunda. Na quinta, ocorreu o mesmo. E na segunda série do ensino médio, outro avanço. A dificuldade financeira da família o levou a cursar Matemática na Uniplac, uma instituição comunitária, mas que cobra mensalidade.

Na UFSCar terá bolsa de cerca de R$ 1 mil da Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). O dinheiro será suficiente para cobrir moradia e alimentação em São Carlos. Ainda sem orientador, ele ainda não escolheu o tema da dissertação de mestrado. "Vou me dedicar bastante", garante Aldo, que já pensa em fazer doutorado. Só não sabe se atuará com pesquisas ou nas salas de aula. Mas, pelo ritmo dos estudos, terá que escolher rapidamente.


Folha Online, 08/04/2008.

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