sexta-feira, 4 de abril de 2008

Agressores não respeitam idade

Em Maringá, a rede de proteção à criança vítima de violência é formada por programas governamentais e entidades não-governamentais, apoiados pelos dois conselhos tutelares. O Sentinela, programa da Secretaria de Assistência Social e Cidadania (Sasc), está com as 110 vagas disponíveis ocupadas.

Porta de entrada para as vítimas de agressão, o Hospital Universitário de Maringá (HU) acompanha multidisciplinarmente adultos e crianças vítimas de agressão sexual e física. Recebida pelo médico de plantão, a vítima de violência é acolhida pela equipe de enfermagem, que entra em contato com as especialidades de assistência social ou psicologia conforme a gravidade do caso se revela.

Seguindo protocolos estabelecidos pelo Ministério da Saúde, profissionais da medicina, psicologia, enfermagem e assistência social fazem o acolhimento e o encaminhamento de quem sente na pele o desequilíbrio provocado por uma das inúmeras causas de um sofrimento que machuca o corpo e fere a alma. Pobreza extrema, dependência química em álcool e outras drogas, falta de referência cultural e emocional.

São vários os motivos que contribuem para a complexidade da violência contra a criança, que não obedece critérios de idade quando se trata da vítima. De bebês com doenças graves, abandonados em unidades de terapia intensiva (UTIs) por pais que preferem não se vincular para não sofrer, até adolescentes abusados sexualmente por parentes ou amigos próximos. Entre os agressores, no entanto, a faixa etária predominante é de adultos jovens até 30 anos na grande maioria de casos acompanhados no HU.

Em janeiro e fevereiro, um dos conselhos tutelares de Maringá realizou 492 atendimentos, sendo 60% dos casos de violência psicológica e 15% de drogadição de adolescente. Dos 5% que envolvem agressões físicas em criança entre 7 e 10 anos, o conselheiro Célio Moreira destaca as surras com chinelo, fios de ferro de passar roupa ou varas de marmelo, além de tapas, como as mais comuns. "A condição socioeconômica da família influencia, mas percebo que o descontrole dos pais e a falta de paciência têm relação direta com a violência", diz ele.

Para Débora Cristina Arruda, enfermeira que atua no programa do HU, adultos agressores enfrentaram problemas na constituição da personalidade. "Acredito que a violência, questão que para mim é crucial nos dias de hoje, tem a ver com o processo de formação do caráter da pessoa. O adulto de hoje foi muito castigado, apanhou bastante e reproduz esse modelo.


Fonte: O Diário do Norte do Paraná, 04/04/2008.

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