segunda-feira, 14 de abril de 2008

400 anos depois - Americana pede reabilitação de condenada por bruxaria

Em 1662, os colonos de Hartford, capital do Connecticut nos Estados Unidos, acusaram Mary Sanford, 39 anos, de bruxaria. Um tribunal local a condenou com base em dois frágeis indícios: ela tinha sido pega em flagrante bebendo vinho e dançando ao redor de uma fogueira. Mary foi enforcado, deixando para trás cinco filhos e um marido.

Três séculos depois, as descendentes de Mary, Debra Avery e sua filha Addie, ajuizaram um requerimento na Assembléia Legislativa de Connecticut para que Mary e outras 10 pessoas sejam absolvidas do crime. A história é contada pelo New York Times deste domingo (13/4).

Até pouco tempo atrás, as duas não sabiam que tinham uma antepassada considera bruxa. Somente, em 2005, elas foram surpreendidas com a informação em uma palestra. Desde então mãe e filha de 14 anos, que estuda em casa, pesquisam o assunto com afinco. Não só o caso de sua antepassada, mas sobre a bruxaria no estado.

Segundo a investigação que está nas mãos da Assémbleia, nove mulheres e dois homens foram condenados por feitiçaria e enforcados em meados dos anos 1600 em Connecticut. Outros foram banidos ou fugiram da colônia.

Duas das mulheres foram jogadas em águas para saber tinham espíritos malignos. Segundo o método, se elas morressem afogadas, eram então consideradas inocentes. Mas se flutuassem, eram consideradas culpadas.

No caso de Mary não há registrado oficial explicando porque foi acusada de ser bruxa. O seu marido Andrew chegou a ser indiciado, mas foi posteriormente absolvido.

Os números mostram que os acusados geralmente eram mulheres pobres e com pouca instrução — as coisas não mudaram muito por lá: das 170 pessoas executadas em 300 anos em Connecticut apenas uma tinha diploma de graduação.

As duas conseguiram apoio de outras pessoas que tiveram familiares condenados por bruxaria. Formaram uma espécie de grupo. No entanto, na internet, sofreu ataques pela sua tentativa revisionista. “Eu não tenho medo quando vejo algo errado”, afirma Addie, uma adolescente de 14 anos.

Connecticut é lento a admitir culpa. Estados como Massachusetts e Virgínia já reconheceram a injustiça feita na época de caça às bruxas. Uma resolução do Comitê Judiciário da Assembléia não concedeu indulto aos condenados. Michael Lawlor, presidente da comissão, afirma que o Legislativo está relutante para reconhecer a bruxaria como crime. Nesta segunda-feira (14/4), pode haver uma votação sobre o tema.

Revista Consultor Jurídico, 13 de abril de 2008

Nenhum comentário:

Pesquisar este blog