- Jornal britânico lembra confronto entre polícia e manifestantes, que aconteceu, quinta-feira, no Centro, e caso de adolescente espancado no Flamengo
- ‘Os confrontos não são mais entre o povo e as autoridades; eles são povo contra povo’, diz artigo
O jornal britânico “The Guardian” publicou, neste sábado, um artigo em que comenta a “onda de violência entre classes” que tem se alastrado pelo Rio, provocada por “um ano de protestos frustrados contra um governo intransigente”, segundo as palavras do veículo.
O artigo assinado pela jornalista Nicole Froio cita os eventos que agitaram o Rio na última semana, como o confronto entre policiais e manifestantes na Central do Brasil, na quinta-feira, durante um protesto que deixou um jornalista gravemente ferido; e o caso do adolescente que foi espancado e preso a um poste, no Flamengo, por um grupo que supostamente tentava fazer “justiça com as próprias mãos”.
“No Brasil há um ditado: bandido bom é bandido morto. Essas palavras nunca foram tão relevantes no cenário brasileiro de hoje, dividido entre classes, no qual preconceito, violência e racismo correm soltos”, diz o início da reportagem. “Os confrontos não são mais entre o povo e as autoridades; eles são povo contra povo”, continua.
Algumas estatísticas poderiam explicar a onda de violência, segundo a matéria. Entre 2007 e 2013, mais de 33 mil pessoas foram assassinadas no Rio: 1.070 delas em assaltos e 5.412 em conflitos com a polícia.
“A recente onda de violência, particularmente no bairro do Flamengo, onde o adolescente negro foi atacado, são um resultado direto da ira da população, que explodiu em junho passado. A tentativa do governo de aumentar o preço das passagens de ônibus mais uma vez foi um lembrete de que, desde os protestos do ano passado, as coisas pioraram, e não melhoram”, comenta a jornalista baseada no Brasil.
De acordo com o texto, a classe média carioca tem ficado cada vez mais preocupada com a sua segurança. E a raiva da inércia do governo diante da situação estaria fazendo a população se voltar contra ela mesma.
“Os problemas sociais do Brasil são muito mais profundos do que vigilantes que fazem o que pensam ser correto. Não é uma simples questão de matar um criminoso porque ele é mau; centenas de anos de opressão, racismo e negligência do governo não podem ser camuflados com uma simples decisão de não aumentar as tarifas de ônibus”, conclui o artigo do “Guardian”.
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