terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Jovens receiam bullying e assédio sexual nas redes sociais

«Crianças e jovens têm consciência dos potenciais riscos das redes sociais, o que não significa necessariamente que façam algo para evitar o risco»


Os jovens europeus receiam ser vítimas de bullying ou assédio sexual por parte de estranhos através das redes sociais, que são as plataformas onde ocorre «a maioria das situações problemáticas» decorrentes do uso da Internet, revelou um estudo citado pela Lusa.

De acordo com as primeiras conclusões do estudo divulgadas esta terça-feira, a propósito do Dia da Internet Segura 2014, entre os principais receios dos jovens entre os nove e os 16 anos ouvidos no âmbito deste relatório, e que utilizam as redes sociais, estão a exposição ao bullying e o assédio, o abuso de informações pessoais, o contacto indesejado ou de natureza sexual por parte de estranhos, e também conteúdo comercial.

«Cerca de metade das experiências desagradáveis surgem nas redes sociais como o Facebook», refere um comunicado relativo às conclusões preliminares do novo estudo da EU Kids Online coordenado pela Universidade Masaryk, da República Checa, e em que a Universidade Nova de Lisboa participou.

De acordo com o comunicado, o estudo demonstra que «as crianças e jovens têm consciência dos potenciais riscos das redes sociais, o que não significa necessariamente que façam algo para evitar o risco».

Entre os jovens não é claro o limiar da experiência positiva e negativa. Por exemplo, refere-se no estudo que a publicação ou partilha de uma fotografia de cariz sexual pode ser entendida como algo positivo se apenas tiver como consequência comentários elogiosos, mas pode tornar-se negativa se os comentários se tornarem maliciosos ou ofensivos ou se a fotografia for partilhada com muitas pessoas.

No entanto, há jovens que em situações que assumam contornos desconfortáveis, relacionadas com temas sexuais, optam por tomar uma posição defensiva, não se envolvendo, tomando ações como sair da página onde se encontram, ou decidindo, por exemplo não tirar fotografias, ou desligar a webcam.

Citado no comunicado, o coordenador internacional do estudo, David Smahel, referiu que «enquanto muitos têm cuidado com informação pessoal, por exemplo, outros acreditam que nada de mal lhes acontecerá, independentemente do que revelem na internet».

As conclusões preliminares do estudo - que terá uma análise mais aprofundada num relatório a divulgar em abril - baseiam-se análise qualitativa de 57 grupos de foco e de 113 entrevistas a crianças entre os 9 e 16 anos.

De acordo com o comunicado, no total, 349 participantes de nove países europeus (Bélgica, Espanha, Grécia, Itália, Malta, Portugal, Reino Unido, República Checa e Roménia) «foram convidados a explicar o que entendem ser situações problemáticas ou prejudiciais online, e o que fazem para evitar que aconteçam», sendo que em Portugal participaram 34 crianças e jovens, em grupos de foco e por entrevistas individuais realizadas em escolas da área da grande Lisboa.

O projeto EU Kids Online apresenta-se como tendo por objetivo «aprofundar o conhecimento sobre as experiências e práticas de crianças e pais europeus relativamente ao uso seguro e arriscado da internet e das novas tecnologias online», sendo financiado pela Comissão Europeia.

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